Eci Scardini
Em meio ao tsunami que se tornou a política nacional e considerando também que o calendário eleitoral não para, já é possível enxergar alguns contornos daquilo que será o quadro de candidaturas a prefeito na Serra.
O quadro mais provável que terá será o prefeito Audifax Barcelos buscando a reeleição pelo Rede, Sérgio Vidigal (PDT), Vandinho Leite (PSDB), Givaldo Vieira (PT) e Osvaldino Luiz Marinho (PRTB).
O mais significativo nesse momento e que aos poucos vai se consolidando é que Audifax não espera mais o apoio do governador Paulo Hartung (PMDB) e caminha em direção do ex-governador Renato Casagrande (PSB). Aliança essa, que a bem da verdade, tem as bênçãos da presidenciável Marina Silva, dada as relações dela com o PSB e especialmente com Casagrande.
Ao caminhar com o ex-governador, Audifax definitivamente deixa o caminho livre para Hartung apoiar Vidigal na sua tentativa de governar a Serra pela quarta vez. O prefeito tem se postado entre Hartung e Vidigal tentando obter o apoio do governador e impedindo o mesmo de declarar apoio ao ex-prefeito, situação que o trouxe até aqui.
Esse realinhamento entre Audifax e Casagrande vai ficando mais claro com o passar do tempo e deve culminar com a saída de Márcia Lamas (PSB) da Secretaria de Educação, em junho, para ficar em condições de figurar como vice de Audifax.
Em suma, pode-se dizer que Audifax está se preparando para o pior cenário possível e partirá para cima de Vidigal de forma contundente, não deixando pedra sobre pedra, tornará público tudo que ele considera como mal feito na última gestão Vidigal.
Reavivará o caso do IPS, dos precatórios que se converteu em processo de improbidade administrativa contra Vidigal, as prisões de assessores pela Polícia Federal, o uso de recursos da iluminação pública para pagamento de despesas fora desse objeto. Não está claro ainda se puxarão Sueli Vidigal para dentro do processo eleitoral.
Estratégia de sujar o palanque inimigo
Ao que parece, Audifax quer desnudar Vidigal ao ponto de deixar o seu palanque bem sujo de modo a inibir o governador Paulo Hartung de apoiar o seu principal oponente. É público e notório que Hartung é muito cauteloso em seus apoios, ainda mais quando a parte beneficiada apresenta possibilidade de contaminação.
Pesquisas indicam que Hartung e Casagrande tem o mesmo peso em uma campanha eleitoral na Serra. Assim sendo, Audifax, Casagrande e Bruno Lamas seguiriam abraçados, enquanto Vidigal ficaria com um apoio velado de Hartung.
Essa eleição será diferente da de 2012, quando Vidigal e Audifax se enfrentaram pela primeira vez pela Prefeitura da Serra. As posições eram exatamente inversas às de hoje: Audifax estava no cargo de deputado federal e Vidigal no de prefeito buscando a reeleição; as pesquisas indicavam uma razoável vantagem para Audifax, que se concretizou nas urnas, com relativa folga.
A diferença é no jeito de fazer campanha. Audifax mostra-se mais audacioso, mais corajoso, mais perspicaz enfim, mais agressivo na busca do voto. Vidigal é mais cauteloso, mais parcimonioso e mais tolerante com as adversidades. Mas o próprio Vidigal já adiantou que, se desta vez Audifax vier com tom agressivo, as respostas serão à altura; que se Audifax vier pintado para a guerra vai encontrar guerra; mas que se vier para um enfrentamento no campo das ideias aí sim, encontrará debate de alto nível. Mas este é um cenário que pode virar de cabeça para baixo se Vidigal for mesmo expulso do PDT e não puder concorrer à Prefeitura em outubro.