Dentre tantas as análises que são possíveis de serem feitas com base no resultado das urnas, uma delas digna de nota, sem dúvida é a proeminência dos candidatos populares nas redes sociais em vista daqueles advindos da TV.
Aqui, este texto editorial exemplificará seis deles: Sérgio Meneguelli (Republicanos) e Pablo Muribeca (Patriota), advindos como fenômenos de web; já do lado ‘televisivo da força’ temos Douglas Camargo (popularmente conhecido como Camargão – PSD), Philipe Lemos (PDT), Camila Domingues (Novo) e Amaro Neto (Republicanos).
Antes um tímido vereador de Colatina, até se tornar o prefeito pop star das redes sociais, Sérgio Meneguelli estourou as urnas de votos. Com quase 140 mil eleitores, Meneguelli foi eleito o deputado estadual mais bem votado da história do ES.
A frente da prefeitura de Colatina entre os anos de 2017 a 2020, Meneguelli ficou conhecido no país após ter alguns de seus vídeos viralizados nas redes sociais. Vídeos curtos em que mostrava um cotidiano de trabalho comunitário nas horas vagas, tais como jardinagem e pintura de vias públicas, o ex-prefeito conseguiu uma imagem de humildade e confiança, que agora é consagrada nas urnas.
Na Serra, um fenômeno recente propriamente de web é o vereador Pablo Muribeca. Com uma pegada bem próxima do youtube carioca, Gabriel Monteiro, Pablo construiu seu nicho virtual ao fiscalizar unidades de saúde e UPA’s da Serra.
Protagonista de muitas cenas que viralizaram nesses últimos dois anos, o vereador concorreu a deputado estadual e foi eleito com 24.555 votos, dos quais a maioria esmagadora é da Serra. Estes dois modelos de fazer política, diferentes no conteúdo, mas similares na forma, ganharam ressonância nas redes sociais e alçaram Pablo e Meneguelli à condição que estão hoje.
Situação diferente dos fenômenos televisivos capixabas; campeão de votos em 2018, Amaro Neto foi o único que se salvou em 2022. Mesmo assim, apresentando queda no percentual de votos. Já os colegas de TV, Camargão, Philipe Lemos e Camila Domingues ficaram de fora. Os dois primeiros não foram mal votados, entretanto, não atingiram o objetivo. Já a segunda, ficou apagada em uma palanque pequeno.
Philipe Lemos que já até foi âncora do Jornal Nacional não conseguiu envolver os eleitores e Camargão não desceu nas periferias como seu colega, Amaro Neto, fez em 2014, quando se elegeu deputado estadual. Enquanto Camila Domingues, foi a vice do candidato Aridelmo Teixeira (Novo), que não empolgou.
Populares de web entrando para a política ou tendo sucesso nela, não é necessariamente novidade; os exemplos são muitos no Brasil. O que tem de novo é a dificuldade da TV em eleger seus consagrados. Ainda mais jornalistas de telejornais tão populares em um estado pequeno e com poucos profissionais que atuam no segmento.
A TV ainda mantém o status quo, mas é inegável a perda de protagonismo; aliás, já observa-se há alguns anos esse processo e deve se aprofundar com a Geração Z, nativos digitais, assumindo o maior quantifico de eleitorado. É tudo tão recente… quando que se imaginava há poucos anos, que um capixaba que foi âncora no Jornal Nacional, iria ficar pelo caminho? É a época dos influencers, mesmo.
