O vazamento de informações sobre o retorno do eletrochoque como alternativa ao tratamento de doenças mentais na rede pública colocou em alerta a bancada federal capixaba. As mudanças estariam sendo propostas pelo Ministério da Saúde, que redigiu nota com alterações na Política Nacional de Saúde Mental.
O deputado federal Sérgio Vidigal (PDT), que também é psiquiatra, disse que está preocupado com o tratamento da saúde mental na rede pública. “No documento, fica claro o intuito da volta do eletrochoque como “tratamento efetivo” aos doentes. O documento ainda aponta a necessidade de aumento de leitos psiquiátricos. Como médico psiquiatra vejo a iniciativa como um retrocesso. Ela prega a valorização da internação e do protagonismo dos hospitais psiquiátricos, em oposição ao movimento da Reforma Psiquiátrica iniciado em 1970, focado em substituir os manicômios pelos Centros de Atenção Psicossocial (Caps), entre outros serviços, como as residências terapêuticas. Acredito que o melhor caminho para a cura de doentes mentais não é o eletrochoque ou mais manicômios, e sim a terapia acompanhada dos remédios necessários para a recuperação dos pacientes”.
O senador Fabiano Contarato (Rede) também considera o uso dessa terapia como um retrocesso. “Sou radicalmente contra o uso de eletroconvulsoterapia. Acho que é retroceder. É conduta medieval. Uma tortura para pacientes. Não é a política que almejo”, avaliou.
O deputado Da Vitória (PPS) disse que o assunto pode pautar o Congresso Nacional. “Na minha avaliação, antes de se levantar a hipótese da utilização de eletrochoque, deve-se sempre priorizar os centros de apoio psicossocial e outros serviços terapêuticos, como apontam especialistas da área. O próprio Ministério da Saúde retirou do ar o documento. Avalio que especialistas da área sempre devam ser ouvidos antes de ser propostas alterações desse tipo quando se tratar da saúde”, refletiu.
A assessoria do deputado Amaro Neto (PRB) foi procurada, mas ainda não retornou ao contato da reportagem.