Por Eci Scardini
Carretas transportando duas e até três bobinas de aço fabricadas pela Arcelor Mittal estão trafegando pela BR 101 sem fiscalização e com suspeita de estarem acima do peso permitido, colocando em risco a vida de quem usa a via.
As carretas saem diariamente pela portaria norte da Arcelor, próximo a Cidade Continental, e vão para o Portocel, na Barra do Riacho, em Aracruz, onde são embarcadas em navios.
O representante comercial, Julio dos Santos Siqueira, dirige rotineiramente no trecho onde as carretas trafegam. “Até pouco tempo não tinha essas carretas. Às vezes aparecem duas ou três na nossa frente. Isso deixa o trânsito mais lento e perigoso. Na ânsia de ultrapassar, corremos riscos. Já vi situações onde pessoas não perderam a vida por bondade divina”, afirma.
Outro perigo que Julio apontou é o sobrepeso de cargas. Segundo ele, essas bobinas são muito pesadas e exigem caminhões (cavalos) traçados 6×4, com nove eixos, incluindo os da carreta (carroceria). As transportadoras das bobinas estão usando cavalos 6×2 e sete eixos.
Motorista
A reportagem do TN abordou um motorista de uma dessas carretas e as revelações são piores ainda. Na condição de anonimato, ele disse que são três empresas que fazem esse transporte e que cada motorista realiza de duas a três viagens por dia, o que gera sobrecarga na jornada de trabalho.
Ele falou que a carga chega a 70 toneladas por veículo, cuja capacidade é para puxar 37. “Não há fiscalização da Polícia Rodoviária Federal, a balança está quebrada. Também não temos problema para passar no pedágio”, conta.
O motorista acrescentou que as empresas usam caminhões 6×2 por serem mais econômicos. Porém são mais lentos.
Arcelor
Através de sua assessoria de imprensa a ArcelorMittal Tubarão negou que haja irregularidades. “O transporte de bobinas via rodovias é realizado por carretas especializadas, com autorização para circular em todo o país. Essas carretas passam por duas inspeções: uma no carregamento e outra na saída da Usina, além das fiscalizações legais ao longo das rodovias”.
A reportagem ligou para o posto da PRF na Serra e para a assessoria de imprensa da instituição no final da tarde de ontem (18), mas ninguém atendeu os telefonemas.