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Cartilhas e vídeos são lançados para alertar sobre extinção de bichos da Mata Atlântica no ES

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Macaco muriqui-do-norte fotografado em 2018 na região do Caparaó, sul do ES. Crédito: Divulgação/ICMBio

Restritos à áreas maiores – e cada vez mais raras – de Mata Atlântica no ES, os mamíferos de médio e grande porte são foco de projeto para ajudar na conservação desenvolvido pelo Instituto Nacional da Mata Atlântica (INMA) – sediado em Santa Teresa/ES – e Ufes. São foco do iniciativa bichos como o macaco murtiqui-do-norte, anta, veado e porco do mato, por exemplo, todos ameaçados de extinção no estado.

Nesta sexta (02) pela manhã, no Parque Botânico da Vale em Vitória, foram apresentados guias para a conservação, cartilhas e vídeos de animação do projeto intitulado ‘Conservação e manejo de mamíferos ameaçados de extinção em paisagens fragmentadas da Mata Atlântica’. Agora os materiais serão divulgados/distribuídos pelas instituições realizadoras e parceiras.

Esse material visa tanto orientar políticas públicas e do setor privado para tentar proteger e recuperar a população de espécies ameaçadas, como oferecer material didático para fins educacionais. E é fruto de pesquisas científicas desenvolvidas ao longo de cinco anos pelo INMA e pela Ufes, com recursos da Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Espírito Santo (Fapes). E da mineradora Vale, empresa dona de um dos maiores passivos ambientais não só da Serra, do ES e do Brasil, mas como de todo o planeta Terra.

De acordo com a assessoria de imprensa do INMA, mamíferos de médio e grande porte no ES sumiram de boa parte dos fragmentos florestais existentes em território capixaba. Isto porque tais fragmentos são pequenos e o bichos precisam de florestas mais extensas para se sustentarem.

Por isto, prossegue a assessoria do INMA, só conseguem sobreviver na região Centro Serrana, onde ainda há cobertura florestal mais expressiva, que inclui municípios como Santa Teresa, Santa Leopoldina, Domingos Martins e Marcehal Floriano. Também no Parque Nacional do Caparaó, no sul do estado. E ainda no norte capixaba na Reserva Biológica de Sooretama (área pública federal) e na Reserva da Vale, área privada da mineradora para fins de conservação.

Lista de animais em risco dobra e

expansão imobiliária pressiona florestas

Caça, extração de madeira, derrubada de matas para plantios, pastagens e construção de cidades. São motivos que, ao longo da história da colonização do interior capixaba de meados do século XIX para cá, pela sociedade ocidental, explicam o declínio acentuado da população de mamíferos silvestres de médio/grande porte.

E nos últimos anos uma novidade também virou forte ameaça: o parcelamento desordenado de terrenos rurais em lotes, chácaras e condomínios. Processo que atinge principalmente os municípios turísticos da região centro-serrana, como Santa Teresa e Domingos Martins. Justamente os que ainda tem trechos expressivos de Mata Atlântica.

Áreas de floresta devastadas em Santa Teresa para chacreamentos, em flagrante feito em maio pelo Instituto de Defesa Floresal do ES (Idaf). Crédito: Divulgação/Idaf

Não são raros os casos em que tais parcelamentos ocorrem dentros de fragmentos florestais, seja em Áreas de Preservação Permanente (APP) ou em Reservas Legais. Coincidência ou não, em menos de 15 anos dobrou o número de espécies de animais e plantas nativas em risco de extinção no Espírito Santo.

Serra

Por ser o município mais industrializado e com a maior população do ES, a Serra já não tem mais fragmentos florestais de maior extensão. O mais expressivo deles, o da Área de Proteção Ambiental do Mestre Álvaro, tem cerca de 800 hectares de Mata Atlântica. E que será isolada de outros fragmentos maiores do interior do ES com a implantação do Contorno do Mestre Álvaro (desvio da BR 101), cujas obras estão previstas para serem concluídas em 2023.

Por isso no município praticamente já não se registra presença de animais como o macaco muriqui-do-norte (maior primata das Américas), porco-do-mato e anta, por exemplo. Veados ainda são avistados, como no caso do registro recente feito pelo projeto de monitoramento do Instituto Brasileiro de Fauna e Flora (Ibraff) na restinga  entre Jacaraípe e Nova Almeida.

E com o avanço da urbanização, de rodovias e projetos logísticos, ambientes para a vida silvestre vão sendo cada vez mais reduzidos no município. Caso da região dos alagados do Mestre Álvaro e do entorno dos manguezais da Baía da Vitória, que além das obras do Contorno do Mestre Álvaro, vêm recebendo aterros de grandes dimensões para abrigar projetos logísticos.

Outra frente de expansão está no Contorno de Jacaraípe, cujas obras foram retomadas recentemente pelo Governo do ES com impactos em matas e brejos de fundo de vale na zona rural entre Jacaraípe e Nova Almeida, região que já sofre desde a década de 1960 com impactos da monocultura de eucalipto da Suzano (ex – Fíbria e ex – Aracruz Celulose).

O mesmo ocorre na margem sul da lagoa Juara, alvo de expansão imobiliária após a implantação da Rodovia Audifax Barcelos, que liga Serra Sede à Jacaraípe.

Fundo de vale com nascente, brejo e remanescente de floresta impactados pela obra do Contorno de Jacaraípe. Crédito: Bruno Lyra 08/06/22

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