Mestre Álvaro

Catástrofe climática no sul baiano pode gerar mais migração para Serra e a história é prova

Os últimos números até a publicação desse artigo, são alarmantes: 470 mil pessoas afetadas, 20 mil desalojados e 20 pessoas mortas. Foto: Agência Brasil

A Bahia, nossos vizinhos limítrofes territoriais ao norte, passa por um dos momentos mais tristes de sua história recente. Uma verdade catástrofe climática está devastando o estado, em especial a porção sul, que é também uma das áreas mais carentes e vulneráveis socialmente do estado.

Os últimos números até a publicação desse artigo, são alarmantes: 470 mil pessoas afetadas, 20 mil desalojados e 20 pessoas mortas. Isso demostra a virulência do desastre climático.

Chuvas, são em essência, um fator condicionante a vida. Mas tudo em abundância é perigoso. Qualquer serrano que estava na cidade nos anos de 2013 e 2014 se recorda com apreensão daqueles eventos climáticos, que deixaram vários bairros praticamente submergidos. Até hoje foram as maiores chuvas já registradas: 400 mm em 3 horas.

Até hoje, existem problemas subsequentes aqueles eventos na Serra, basta ver o que ocorre nos conjuntos habitacionais de Ourimar, que receberam várias famílias de desabrigados das chuvas e hoje é um dos locais mais desafiados para se fazer política pública, em especial decorrente de problemas ligados ao tráfico de drogas.

Obviamente, um evento que gera impactos macro, tais como esse atual na Bahia, gerará também passivos crônicos. Entre eles, a migração, que é um fator até cultural para os povos baianos. A Serra, está entre os destinos mais potenciais, visto que, historicamente a cidade recebeu imigrantes em sua maioria do sul baiano e leste mineiro.

Com as chuvas que devastaram as famílias, existe uma tendência de aumento da migração para a Serra. Muitos moradores da cidade são parentes de pessoas diretamente afetadas pelas chuvas na Bahia.

A história é prova: o crescimento populacional da Serra está intimamente ligado aos movimentos de migração baiano. Em 1960, a Serra tinha 9,2 mil habitantes. Hoje são 540 mil, de acordo com estimativas do IBGE. O mesmo órgão prevê segundo modelos matemáticos, que em 2030, seremos 1 milhão de moradores. Parte componente disso, é advindo de migração.

A Serra é a cidade-oportunidade do ES. É a campeã de geração de empregos, quase 10 mil postos gerados em 2021, pouco menos do dobro do que foi registrado pela segunda colocada, a capital Vitória.

Somos a primeira economia do ES, com 18% do PIB capixaba. A Serra tem espaço e área de expansão urbana, e vive um boom de obras públicas que vão mudar o desenho urbano e de ocupação espacial, criando novos ricos de desenvolvimento, que vão demandar mão de obra e gerar mais oportunidades.

Algo que precisa ser elencado é que nossa cidade tem um histórico de invasão de terras. Bairros inteiros que existem hoje foram ocupações irregulares no passado, aja vista Bairro das Laranjeiras, em Jacaraípe.

Além da solidariedade natural que a Serra deve a Bahia, a cidade deve se preparar para um possível aumento de migração vindo dos nossos vizinhos. Até porque, a Prefeitura é a responsável direta pela demanda social de creche, escola, unidades de saúde, políticas assistências e de habitação. Além disso, a Serra precisa manter vigilância sobre processos de invasão.

A Serra acolhe, aqui é igual coração de mãe e com certeza vai estar de braços abertos para receber pessoas que buscam reconstruir suas vidas, mas precisa ser dentro de um modelo ordenado de ocupação e que permita a manutenção e desenvolvimento da qualidade de vida da população.

Yuri Scardini

Morador da Serra, Yuri Scardini é repórter do Tempo Novo. Atualmente, o jornalista escreve para diversas editorias do portal, principalmente para a editoria de política.

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