Clarice Poltronieri
Pescadores de tilápia e criadores da espécie em tanques-rede na lagoa Juara estão com a sua atividade ameaçada. Isso porque a mortandade de peixes levou à suspensão da venda da tilápia até que saia o resultado do estudo feito pela prefeitura e estado para que se possa identificar as causas, previsto para acontecer em 30 dias.
A situação é agravada pelo fato dos profissionais não poderem pescar tainha e robalo, devido à época do defeso. Segundo os pescadores esses peixes de água salgada não estão aparecendo mortos, diferente da tilápia que é de água doce.
Uma das suspeitas da causa das mortes é de que a abertura do canal nas obras de alargamento do rio Jacaraípe tenha salinizado a água, além do excesso de esgoto jogado na lagoa há anos.
No local, basta chegar às margens da lagoa para sentir o cheiro de podre e ver centenas de peixes mortos e urubus sobrevoando. Já no leito da lagoa, é possível ver vários peixes vivos, porém cheios de feridas profundas.
Fernanda Alexandra Alves, pescadora da Juara há 20 anos. “Não temos peixe para vender, mas temos famílias do sustento. Com o defeso da tainha e do robalo, e as tilápias doentes, vamos viver de quê? Nunca vi uma mortandade, fora a época da enchente. Não sei se é pelo alargamento do rio Jacaraípe que salgou a lagoa, ou se é algum produto químico que jogam no esgoto que vem pra cá. A tainha e o robalo estão normais, mas peixes de água doce sumiram”, narra.
Delma Coelho Alício, pescadora há 11 anos, tira o sustento da família da lagoa. “Sobrevivo daqui e não sei o que fazer. Tudo começou depois que abriu o rio e a água salgou. Temos até águas-vivas na lagoa. Ainda vem o esgoto e tem os eucaliptos nas margens, que podem jogar algum produto e cair na água. As escamas da tilápia estão amareladas e elas estão cheias de buraco, podres até mesmo vivas. Tainha e robalo estão normais. A gente não tem mais tucunaré e traíra, peixes que não resistem à água salgada”, conta.
Jovani Soprani, pescador há 30 anos, tenta entender. “Antes o peixe tinha locais para se esconder. Com a baixa da lagoa e o excesso de sal, virou presa fácil e atraiu muitos pescadores pela fartura, o que pode ter deixado ele estressado. A bactéria sempre está presente, mas só desenvolve se a imunidade do peixe estiver baixa, que deve ser o que está acontecendo. Mas precisamos saber a causa exata dessas mortes”, pontua.
Criadores de tilápia buscam peixes em Linhares
Para manter o restaurante e abastecer os clientes, a Associação de Pescadores do Juara, que mantém o projeto de piscicultura com criação de tilápia em tanques-rede, está buscando o peixe em Linhares, pois todos do tanque aparentam estar doentes.
Para Wanderson Alves dos Santos, pescador há 31 anos, o problema é a salinização que ocorre desde a abertura da obra de dragagem do rio Jacaraípe.
“Há uns 6 meses, com a abertura do rio e a queda do nível da lagoa, quem pegava 20kg de tilápia passou a pegar 100, 200kg por dia. Hoje a lagoa está 80% mais salgada. Estamos com 20% de oxigênio na lagoa, o mesmo de água do mar. Na água doce, o normal é de 8%. Não adianta tratar o peixe se a água continuar assim. Até a coloração da água da lagoa, que era preta por causa da taboa, está marrom”, explica.
“Não precisa ter estudo para ver que a água salgada está prejudicando. Os machucados podem ser de outra coisa, mas o sal prejudica. Na prefeitura de Vitória botaram uma comporta no canal que passa na Leitão da Silva há muitos anos, que evita a entrada de muita água do mar. Acho que deviam fazer isso aqui, porque fechando a comporta, vai deixar de entrar água”, sugere Luiz Mário, pescador há mais de 30 anos, também da associação de piscicultores.
Prefeitura e Iema estão analisando
O secretário de Secretário de Agricultura, Agroturismo, Aquicultura e Pesca, Paulo Afonso Menegueli, informou que foram coletados peixes no local na última quarta (22), cuja análise deve ficar pronta em oito dias, e confirmou a coleta de água na quinta (23), com resultado previsto para 30 dias. A análise final deve sair após a comparação das duas.
Negou a proibição da pesca, dizendo que foi apenas recomendação, mas afirmou que vai fiscalizar junto com a Secretaria de Saúde a comercialização.
“A tainha e robalo estão defeso e não podem ser comercializadas. Já a tilápia, não tem a mínima condição de ser consumida, por isso fiscalizaremos para evitar o comércio. O pescador que é regularizado tem direito ao auxílo-defeso. Basta procurar a Federação da Pesca ou a Colônia de Pescadores”, disse.
Na última quarta (22) assessoria de imprensa da prefeitura falou que a influência da água do mar na lagoa já era algo estava previsto no Estudo de Impacto Ambiental da obra de dragagem e alargamento do rio Jacaraípe, tocada pela Prefeitura.
O Iema também se manifestou via assessoria de imprensa, dizendo que técnicos do órgão foram à lagoa, constataram a morte de peixes e que investiga as causas.
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