Tolos somos nós que acreditamos que a única visão provém dos olhos.
O cego aprende a confiar no que seu coração diz.
Ele abre as portas de percepção interior, valoriza cada sensação.
Mesmo com a escuridão do seu olhar, ele sente a brisa do mar e percebe que está na praia.
Sente a areia em seus pés, escuta o barulho do vento, presta atenção em cada palavra, cada som.
Ele pode imaginar qualquer coisa quando está só em silêncio, e pode criar em sua mente as coisas de forma mais bela do que são na realidade.
O cego sente quando o riso está para vir e é capaz de escutar o barulho das lágrimas.
Quando estamos com medo ou sentimos algo bom, nós fechamos os olhos.
O cego aprende a lidar com essa sensação eterna.
Ele é obrigado a prever as possíveis pedras no caminho, nós esperamos para tropeçar.
Andamos distraídos por acreditar que estamos seguros apenas com nossa visão exterior.
O cego precisa enfrentar o mundo de olhos fechados, e nós mesmos de olhos abertos, muitas vezes não queremos enfrentar o mundo.
O homem perfeito de corpo pode ser o que menos usa os sentidos.
Não é mudo, mas recusa-se a falar, mesmo quando sua palavra pode salvar. E ainda existem aqueles que quando falam, não dizem a verdade.
Não é surdo, mas não escuta a si mesmo, nem as outras pessoas. E ainda existem aqueles que dizem ouvir o que ninguém falou.
Não é cego, mas fecha os olhos.
Chora pela morte do seu irmão, mas ainda assim tira a vida do irmão do próximo.
Tolos somos nós que acreditamos que a única visão provém dos olhos.
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