Eu nasci em plena Ditadura Militar no ano de 1977 do século passado e lembro, ainda que vagamente, durante meus primeiros anos de ensino, de professores sussurrarem o fim da ditadura e, com isso, o fim da censura que era imposta pelos militares.
Pois agora, em pleno ano de 2022, no Brasil do “estado democrático de direito”, sentimos novamente o gosto amargo do medo e da impotência frente a um novo poder censor (a ditadura não veio da farda como muitos temiam), um poder supremo que em nome da defesa da democracia é o primeiro a assassiná-la.
Por isso, em homenagem às empresas de comunicação e aos jornalistas de todo Brasil, mas especialmente à Jovem Pan, Gazeta do Povo, Antagonista, Crusoé, Terça Livre, Brasil Paralelo, Oswaldo Eustáquio, Allan dos Santos e a muitos outros profissionais de imprensa que foram ou serão calados pelo ativismo judiciário das cortes de justiça que não se pode falar o nome, transcrevo o texto abaixo de autoria de Martin Niemӧller.
“Um dia vieram e levaram meu vizinho que era judeu.
Como não sou judeu, não me incomodei.
No dia seguinte, vieram e levaram
meu outro vizinho que era comunista.
Como não sou comunista, não me incomodei.
No terceiro dia vieram
e levaram meu vizinho católico.
Como não sou católico, não me incomodei.
No quarto dia, vieram e me levaram;
já não havia mais ninguém para reclamar…”
A cidadania prescrita na Constituição Federal de 1988 deveria dar a mim, e a qualquer outro cidadão comum o direito de questionar e reclamar dos agentes e dos órgãos de estado, eis que estes existem para servir ao público, não o contrário. Mas são tempos obscuros e tristes, onde a “festa da democracia” que deveria ter como protagonista o povo, assiste como coadjuvante as atuações “espetaculares” e “inacreditáveis” (no pior sentido do termo) de agentes públicos que decidiram que precisam liderar com seus gênios iluminados, um povo ignorante e sem cultura.
Lembro aos leitores que este texto só pode ser lido (por enquanto), pela posição plural e democrática que é adotada pelo Jornal Tempo Novo, que acomoda profissionais de diferentes matizes de pensamento e ideologia, dentro do mais absoluto respeito e igualdade.
(As opiniões dos nossos colunistas não refletem necessariamente a opinião do Jornal Tempo Novo).