Caros leitores do Jornal Tempo Novo, não há outra maneira de iniciar este artigo senão afirmando que, em 40 anos de jornalismo na Serra, enfrentando os mais diversos desafios, jamais nos deparamos com uma tentativa de censura tão explícita quanto a que vamos relatar agora. Na noite desta quarta-feira (23), após o candidato a prefeito Pablo Muribeca ter se ausentado do debate eleitoral promovido pelo Tempo Novo e impugnado a pesquisa eleitoral contratada pelo jornal, fomos surpreendidos por uma ação: a tentativa de impor uma mordaça eleitoral.
A campanha do candidato Pablo Muribeca entrou na Justiça pedindo a remoção de todas as matérias e publicações relacionadas a eleição para o cargo de prefeito da Serra. Como se isso já não fosse uma clara tentativa de censura, Pablo e seus sete advogados foram além: querem proibir o Tempo Novo de veicular qualquer matéria jornalística sobre as eleições municipais da Serra.
O processo está em tramitação na 26ª Zona Eleitoral da Serra, sob a responsabilidade da juíza Telmelita Guimarães, a mesma magistrada que proibiu o Tempo Novo de publicar duas pesquisas eleitorais contratadas junto ao instituto Qualitest, uma empresa de renome nacional. No processo, foram citados os sócios-proprietários do jornal, Yuri Scardini e Eci Scardini. A defesa de Pablo Muribeca é conduzida pelo escritório Cheim Jorge Abelha Rodrigues – Advogados Associados, um dos mais prestigiados do Espírito Santo.
Pablo e sua equipe jurídica querem a exclusão de mais de uma centena de matérias jornalísticas, além do debate eleitoral do primeiro turno, que acumula quase 30 mil visualizações, e das sete sabatinas realizadas com os candidatos a prefeito no 1º e 2º turnos — incluindo uma com o próprio Muribeca, que foi usada em trechos divulgados nas suas redes sociais.
A defesa de Muribeca afirma que o Tempo Novo tem realizado ataques ao candidato devido ao fato de o veículo de comunicação supostamente possuir um contrato com a Prefeitura da Serra, uma informação que o jornal classifica como falsa. O Tempo Novo, com 40 anos de história, já atravessou diversas gestões na cidade, incluindo os prefeitos João Baptista da Motta (1983-1988 / 1993-1996), José Maria Miguel Feu Rosa (1989-1990), Adalto Martinelli (1990-1992), Sergio Vidigal (1997-2004 / 2009-2012 / 2021-2024) e Audifax Barcelos (2005-2008 / 2013-2020). Em todos esses períodos, o Tempo Novo esteve entre os veículos de comunicação contratados pelas agências de publicidade que prestavam serviços para as respectivas administrações.
E sabe por que, caro leitor? Por razões puramente mercadológicas. Afinal, não parece sensato pensar que comunicar-se com a Serra de forma eficaz e econômica faz mais sentido ao utilizar um veículo de comunicação especializado na cidade? Para mascarar suas tendências à censura, o candidato parece ter esquecido princípios básicos de marketing. Desde que foi eleito vereador e, posteriormente, deputado, ele promove acusações e ataques ao Jornal Tempo Novo sempre que suas narrativas políticas não são replicadas pelo veículo de comunicação. Diante de mais um ato grave de tentativa de cerceamento, este jornal não pode, e não vai, se permitir ser silenciado.
Cumprindo seu papel, o veículo de comunicação participa do debate sobre a cidade, abordando questões políticas, econômicas, culturais, ambientais e tantos outros aspectos aos quais dedicou mais de quatro décadas. Ao longo desse tempo, o jornal foi processado diversas vezes, inclusive por Sergio Vidigal e Audifax Barcelos, algo que o Tempo Novo considera normal para quem se propõe a ter uma voz ativa em uma cidade tão complexa quanto a Serra. No entanto, jamais houve uma tentativa de silenciamento tão direta e persistente.
Muribeca tenta impor suas narrativas à força, sempre recheadas de contradições e polêmicas. Cabe ao veículo de comunicação oferecer a criticidade que sua linha editorial entende ser a mais adequada. Sem crítica, um jornal deixa de ser jornal e se torna apenas um “papagaio”, repetindo e replicando informações. Essa é uma postura que o Tempo Novo se recusa a adotar, doa a quem doer.
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