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Cerca de 70% dos assassinatos na Serra acontecem na rua

 

Homicídio no bairro São Marcos, em 2014: cidade amplia liderança no ranking da violência no Espirito Santo. Foto: Arquivo TN

Por Bruno Lyra

A Serra está entre as cidades mais violentas do mundo e há mais de 15 anos no topo do ranking de homicídios no ES. Toda essa matança virou objeto de pesquisa do investigador da Polícia Civil, Thiago Andrade, que atua no município pela Delegacia de Crimes Contra a Vida (DCVV).

Ele analisou os 344 assassinatos que aconteceram no município em 2014, trabalho que virou tese de mestrado apresentada recentemente pelo policial na Universidade de Vila Velha.

“Das vítimas, 299 foram mortas por arma de fogo, o que representa 86% do total. Foram 313 homens e 31 mulheres. Dentre as vítimas, 194 tinha algum registro criminal. E 238 assassinatos – 70% do total – aconteceram em via pública, ou seja, no meio da rua”, detalha.

Thiago diz que, a partir do estudo, dá para concluir que a maior parte dos homicídios está relacionada ao tráfico de drogas. “Os números também indicam que esse tráfico possa ser mais intenso do que em outros municípios da Grande Vitória. Tanto que dos 131 homicídios de autoria conhecido no universo dos 344 casos, 90% estavam relacionados ao tráfico”, avalia.

O policial acrescentou que a logística e a localização do município podem facilitar até o tráfico internacional. Questionado sobre outras razões que não só têm mantido a Serra no topo do ranking dos assassinatos como também tem ampliado essa liderança em relação a seus vizinhos na Grande Vitória, Thiago tem uma tese.

“Na Serra o processo de industrialização foi muito mais rápido e intenso, trazendo uma forte imigração, que redundou em degradação urbana com as invasões e bairros mal planejados. Sem contar o surgimento de condomínios que, com seus muros, aprofundaram a divisão social”, lembra.

Para reduzir esses índices, Thiago entende que é preciso aprofundar políticas de inclusão social com lazer, esporte, educação e qualificação profissional. “É claro que o efetivo policial (Civil e Militar) não é condizente com a realidade da Serra. Mas já conseguimos avançar (em 2015 os homicídios caíram 6%) com melhor integração nas ações da PM com a Polícia Civil”, conclui.

 

Homicídios na Serra em 2014

86% por arma de fogo

38% não tem autoria conhecida

 

56% das vítimas com passagem pelo polícia

 

Gabriel Almeida

Jornalista do Tempo Novo há mais de oito anos, Gabriel Almeida escreve para diversas editorias do jornal. Além disso, assina duas importantes colunas: o Serra Empregos, destinado a divulgação de oportunidades; e o Pronto, Flagrei, que mostra o cotidiano da Serra através das lentes do morador.

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