A água que chega às torneiras do morador da Serra Sede e entorno não deve mais chegar salobra, ou seja, com sal. Pelo menos é o que garante a Cesan. A empresa informou que adotou duas tecnologias para evitar o uso do rio Reis Magos quando houver invasão das águas do mar até o ponto de captação em Putiri.
Em nota divulgada por sua assessoria de imprensa na última quinta-feira (29), a Cesan disse que adotou duas tecnologias para evitar que o problema volte a se repetir. Uma delas foi a instalação de um sensor do rio que monitora em tempo real o nível de salinidade do manancial.
A outra foi a colocação de comportas no canal de captação da Estação de Tratamento de Água (ETA) onde a água é retirada do rio Reis Magos, na localidade de Putiri, zona rural do município.
Entre setembro e outubro de 2019 moradores da região da Serra Sede e entorno reclamaram de alterações no cheiro e gosto da água fornecida pela Cesan. Entre os relatos, um fato em comum: a água estava salobra. Moradores falaram até em problemas de saúde relacionados ao consumo do líquido nessas condições.
Em novembro de 2019 a Cesan acabou admitindo, em ofício à Assembléia Legislativa, que captou água salobra para distribuir à população em 27 de setembro daquele ano.
Putiri e invasão da cunha salina no rio Reis Magos
Inaugurado no último trimestre de 2017, o sistema de captação, tratamento e distribuição do rio Reis Magos foi construído para aumentar a oferta de água na Serra, uma vez que a cidade sofreu os efeitos da grave seca que atingiu o Espírito Santo entre 2014 e 2016. Ocasião em que o rio Santa Maria, principal fornecedor de água da Serra, não foi mais suficiente para atender a demanda.
O problema é que no local escolhido para a captação, Putiri, chegam águas do mar nas marés mais altas e em tempos de estiagem, quando o rio fica mais fraco e a água doce não consegue ‘empurrar’ as águas do mar, que entram a partir da foz do Reis Magos em Nova Almeida.
A situação havia sido alertada ainda antes da construção do sistema de captação pelo então presidente da Associação dos Produtores Rurais da Serra, Joel Falqueto, em julho de 2016. Relembre em reportagem exclusiva feita por Tempo Novo na ocasião.
O ponto de captação fica cerca de 12 km acima da foz do Reis Magos em Nova Almeida. A Cesan explica, também na nota enviada ao Tempo Novo na última quinta-feira (29), que a convergência de uma baixa vazão do rio – o que ocorre em períodos de seca – com marés mais altas favorece a entrada da cunha salina vinda do mar.
O sistema Reis Magos atende a região da Serra Sede e entorno até bairro do Civit I. São cerca de 150 mil moradores. Segundo a Cesan a vazão do rio Reis Magos era de 3 mil litros por segundo na semana passada, o que a empresa considera esperado para essa época do ano. Desse total, a Cesan precisa captar 500 litros por segundo para atender a população.