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Mestre Álvaro
Yuri Scardini é autor do livro 'Serra: a história de uma cidade' e escreve sobre política e economia

Cesan avança em duas frentes para garantir futuro da água na Serra: reuso e diminuição de perdas

Cesan Lama Água
Área de captação de água do Rio Santa Maria, na Serra. Crédito: Arquivo Tempo Novo

O crescimento populacional da Serra tem imposto uma diversidade de desafios que necessitam de atenção contínua. Entre os Censos Demográficos de 2010 e 2022, o município experimentou um aumento de 24% no número de habitantes, acolhendo mais 100 mil pessoas e tornando-se a 12ª cidade com maior crescimento populacional no Brasil. Um dos desafios mais complexos é o abastecimento de água.

Desde a implementação do sistema de abastecimento de água pelo Rio Santa Maria da Vitória em 1984 pela Companhia Espírito Santense de Saneamento (Cesan), marco importante na urbanização da Serra, o sistema tem se desenvolvido constantemente para atender ao crescimento acelerado da demanda. Recentemente, a Cesan fez avanços em duas áreas: a implementação do reuso de água para fins industriais e a redução de perdas, ambos visando a diminuir a carga sobre o já saturado sistema de abastecimento.

Esta semana, o Conselho Gestor do Programa de Parcerias de Investimentos do Estado do Espírito Santo (CGPPI-ES) promoveu um novo impulso ao projeto de reuso para fins industriais. Com isso, a Cesan lançou na quarta-feira (01) um edital de leilão para selecionar a empresa responsável pela operacionalização do sistema de água de reuso. Este sistema substituirá o da Estação de Tratamento de Esgoto de Camburi, ajustando o efluente tratado para uso industrial. Embora o projeto se localize em Vitória, a Serra será a principal beneficiada, uma vez que a água de reuso será direcionada para uso nas operações industriais da ArcelorMittal, que é a maior consumidora individual de água da Serra, que consome uma parcela substancial dos recursos hídricos do Rio Santa Maria, o mesmo que abastece a população da Serra e outras localidades.

A medida não só proporcionará uma maior disponibilidade hídrica para o abastecimento público do município, mas também aliviará a demanda da ArcelorMittal, ampliando a capacidade de fornecimento de água para consumo humano e garantido a segurança de funcionamento da siderúrgica, que é estratégica para a economia da Serra e do Espírito Santo. A previsão é que o projeto entre em operação até 2026. De acordo com Munir Abud, presidente da Cesan, a capacidade máxima do projeto de reuso da água poderá alcançar 300 litros por segundo, um volume significativo que representa mais de 10% do total captado no Rio Santa Maria.

“Com a revisão e o refinamento do Edital, além da aprovação do CGPPI-ES, estamos prontos para lançá-lo na próxima semana. O leilão está programado para a segunda quinzena de janeiro de 2024 e estamos otimistas quanto ao seu sucesso”, concluiu Munir Abud, reiterando a confiança na eficácia do projeto.

Outro ponto que a estatal deve atacar é o problema crônico de furto e vazamento de água em suas redes – causas primárias de perdas significativas nos sistemas de abastecimento. Na semana passada, a empresa lançou um edital visando contratar uma organização especializada para lidar com estas questões e outras que tangem a perda de água. Com um investimento total de R$ 121,6 milhões, destinados à Serra e Cariacica, o projeto busca efetivar uma gestão mais eficiente dos recursos hídricos.

Em uma conversa por telefone, Munir Abud, presidente da Cesan, destacou a importância da Serra no contexto financeiro da empresa, ressaltando a densidade de residências e estabelecimentos comerciais na região. A redução de perdas, além de assegurar a continuidade do fornecimento de água aos moradores, também pode contribuir para a manutenção de tarifas acessíveis. Atualmente, as tarifas da Cesan estão entre as cinco mais econômicas do Brasil. Abud revelou que o índice de perda de água na Serra está em torno de 51%. Ele ressaltou a meta da companhia de reduzir essa perda em 18% na região da Serra, o que representaria a adição de milhões de metros cúbicos de água à rede de abastecimento público, fortalecendo a capacidade do sistema.

 

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