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Cesan confessa que forneceu água salgada para Serra Sede, mas diz que não faz mal a saúde

Na foto, o canal de captação do Reis Magos em Putiri, região rural da Serra. Em destaque, o deputado estadual Vandinho Leite. Foto: Arquivo TN/Bruno Lyra

Após semanas de silêncio, a Cesan admitiu, por meio de ofício, que distribuiu água salobra para a região de Serra Sede, onde vivem 150 mil pessoas. A reportagem obteve uma cópia do documento, o qual afirma que no dia 27 de setembro foi identificada a “intrusão de cunha salina” no sistema de captação de água devido à baixa vazão do rio Reis Magos, da onde a água é retirada.

O ofício de nº 0987/2019 é proveniente de um pedido de informação do deputado Vandinho Leite (PSDB). Ele solicitou esclarecimentos a partir da reportagem do TEMPO NOVO que denunciou o caso (“Moradores da Serra Sede passam mal após beberem água da Cesan”).

Publicamente, a Cesan nunca respondeu as demandas solicitadas pelo jornal e muito menos confirmou que forneceu água em condições indevidas para consumo.

De acordo com o relatório, no dia da medição fluviométrica, a vazão do Reis Magos no ponto de captação estava em 1,3 mil litros por segundo, sendo que a estimativa de referência era de 4 mil l/s.

Até o dia 9 de outubro, moradores da região relatavam que a água continuava turva e salobra e com odor químico. O morador da divisa entre Campinho da Serra e Planalto Serrano, Welington Nanau foi um dos que denunciaram a situação. “Tem pessoas em Planalto Serrano e Campinho da Serra que passaram mal com dor na barriga, vômito e diarreia”, relatou na época.

Apesar de haver vários registros de moradores que denunciaram a continuidade da água salobra quase duas semanas após o dia 27, a Cesan diz no documento que desligou o abastecimento e redirecionou para a SAA de Carapina, que capta água do rio Santa Maria da Vitória e conteve a cunha salina na região de Serra Sede; e que após isso, registrou-se “apenas reclamações pontuais”.

Além do mais, a Cesan afirmou que não foram identificados níveis de sais de cloreto suficientes para implicar risco à saúde. O sistema de abastecimento de Reis Magos foi religado no dia 16 de outubro, segundo a empresa.

“A Cesan é muito intransparente. Se eles identificaram que a água estava imprópria no dia 27 de setembro, porque vários moradores procuraram a mim e a imprensa para denunciar que a água estava podre? Passou-se mais de uma semana nessa situação, levou gente para o hospital, pessoas passaram mal, faltaram ao trabalho. E aí, como vai ficar?”, questiona o parlamentar Vandinho.

Deputado aposta que cortes de água são seletivos e diz que vai investigar

O deputado Vandinho Leite voltou a levantar a hipótese de a Cesan estar fazendo “racionamento velado na Serra” para manter abastecimento em Vitória e no Complexo de Tubarão. “Eu ando pela Serra praticamente todo dia; a população reclama da falta d’água, que é constante. E sempre essa historinha de manutenção. Não acredito nisso. Vou atrás para saber o que está havendo, pois percebo que nos bairros mais pobres têm uma crise de abastecimento, enquanto para a elite de Vitória nunca faltou água”.

Nessa semana, o TEMPO NOVO publicou uma enquete em sua página no Facebook, que apesar de não ter resultados científicos, pode sugerir um panorama. A pergunta foi: “É comum faltar água no seu bairro?”. Dos 240 votos, 55% afirmaram que “sim”.Inclusive, mais de 40 pessoas deixaram relatos de falta d’água em várias regiões da Serra. É o caso de Maria Aparecida: “Cidade Pomar, praticamente todos os dias”. Já Mary Vieira Lopes, assim como outros, citou o bairro Vila Nova de Colares. “Toda terça-feira; tem semana que se prolonga até na sexta. É falta de água sem uma gota nem de noite pra poder encher as caixas para o dia”, disse.

Sandra Rodrigues, que mora na região de Jacaraípe, também relatou falta crônica de água. “Bairro das Laranjeiras, em Jacaraípe, pelo menos uma vez na semana falta água”.

Quando a Cesan informa que haverá corte de água, o órgão justifica “manutenção da rede”. No entanto, Vandinho lembra que a falta de abastecimento tem sido sistemática e não é observada em outros municípios. “Além do mais, se é realmente manutenção – que eu desacredito, pois vale lembrar que quando se desliga a rede, entra ar nas tubulações e, com isso, o consumidor acaba pagando ar na conta de água, ou seja, crime contra o consumidor”, disse.

Mari Nascimento

Mari Nascimento é repórter do Tempo Novo há 18 anos. Atualmente, a jornalista escreve para diversas editorias do portal, principalmente para a de Política.

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