Por Yuri Scardini
Desde 2009 a forte polarização entre Audifax Barcelos (Rede) e Sérgio Vidigal (PDT), vem impondo um ao outro, grande dificuldade política para guiar a prefeitura. Especialmente neste último mandato de Audifax concluído em 2016, a tal polarização ficou escancarada. Principalmente na Câmara de Vereadores e na Federação das Associações de Moradores da Serra, onde grupos ligados aos dois políticos vinham se digladiando.
Com a proximidade das últimas eleições municipais, o que essa cidade viu foi a separação total dos grupos políticos e lideranças, desde as comunitárias até as empresariais. Se alguma pessoa não era do grupo de Audifax, automaticamente era visto como membro do grupo de Vidigal, e vice versa. Sem meio termo, sem ponderação e digna de um radicalismo irracional, a cidade ficou partida ao meio.
A disputa política que antes era percebida com mais força nos bastidores, tornou-se pública e notória. Durante a campanha, tirando o período de internação de Audifax, seguiu-se um processo conturbado, violento e com clima de tensão até o último minuto, quando Audifax se sagrou prefeito novamente.
Depois, seguiu-se o “terceiro turno”. O último suspiro da briga era a disputa pelo comando da Câmara da Serra. Motivo de muita articulação, a eleição da Mesa Diretora só foi resolvida no dia e de uma maneira, no mínimo, traumática. Já as comissões só foram resolvidas alguns dias depois. Resultado: a vereadora Neidia Maura (PSD) e o grupo de Audifax se sagraram vencedores.
Alguns vereadores que caminhavam com Vidigal e teciam duras críticas ao prefeito, parecem já terem se rendido. É o caso de Basílio da Saúde (Pros), que deixou a poeira baixar e agora ensaia alinhamento com o Executivo. Além de Basílio, vários outros que outrora foram membros do grupo de oposição, o chamado ‘Grupo dos 12’, já fizeram a migração. Esse fato foi comprovado pela aprovação das várias pautas bomba que Audifax aprovou na Câmara, na última sexta-feira (13).
Agora, ao que tudo indica, o imbróglio que envolve a eleição da FAMS deve ser resolvida nas próximas semanas com uma forte inclinação para o grupo do prefeito Audifax. Já o PDT vive uma debandada de lideranças, que devem ficar sufocados e descer o tom contra a atual administração. Depois de alguns anos, um grupo político terá hegemonia na cidade.
Hegemonia que traz esperança
Hegemonia no que tange a política, é claro, pois nem tudo são rosas. Apesar da conjuntura política caminhar para uma agenda menos tensa, a realidade da Serra é cruel. O prefeito deve enfrentar dias de muita dificuldade no que se refere à superação da crise; ajustes fiscais; redução de custos, cargos, recursos, arrecadação; competição com outras cidades; demandas sociais gigantescas; e vários outros desafios que a cidade deve passar.
Foram muitas coisas prometidas a população durante a eleição e certamente haverá cobranças na mesma proporção. Desde à população mais carente até os empresários e investidores, todos esperam melhorias. E desejam que a Serra volte a crescer como nos últimos anos. Agora, com as questões políticas se resolvendo, a retomada do crescimento econômico é um dos grandes desafios do prefeito Audifax, assim como a questão fiscal e manutenção dos serviços a população.
Outros fatores de conjuntura estadual impõem mais preocupações. Ao norte do ES tem a Sudene, que torna a competição por atração de investimentos desleal. Ao sul, se saírem os projetos da ferrovia e portos tão desejados pelo Governo do ES e pelo movimento empresarial capixaba, haverá outro polo de atração a competir com a Serra.
Por isto a busca por uma nova ancora de desenvolvimento para o município parece inevitável. Seja um porto em Carapebus ou um Aeroporto Internacional de Cargas entre Jacaraípe e Nova Almeida, a verdade é que a Serra está batendo no teto sobre a capacidade de “crescimento natural”. Agora, com uma unidade hegemônica de poder, Audifax deverá enfrentar uma opinião pública sedenta por melhorias e mirar nas dificuldades da evolução econômica na cidade.