Thiago Albuquerque
Locomotiva econômica do Espírito Santo, a Serra perdeu 5.500 postos de trabalho entre janeiro e setembro de 2016. Esse é o resultado do balanço do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho, que apontou 38.604 admissões e 44.104 mil demissões nos 09 primeiros meses deste ano no município.
De todos os setores afetados, o de serviços foi quem mais demitiu com 1.896. Em seguida o comércio com 1.728. Outro destaque negativo é o da indústria de transformação, com 1.210.
Fechando o quadro, vem à construção civil, com 690 perdas, agropecuária com 182, utilidade pública 151, administração púbica 15 e extrativa mineral com oito.
O vice-presidente institucional da Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes) na Serra, José Carlos Zanotelli, disse que o setor industrial foi responsável por 20% das rescisões nos últimos 12 meses, que representam 1.801 postos de trabalho a menos no período.
“Achamos um valor insignificante, porque a indústria contribui com 40% do PIB, e o setor vinha com uma retração, não só de pessoal, mas também das despesas fixas como a água, devido à crise hídrica”, enumera.
Apesar da turbulência, Zanotelli afirma que as empresas da Serra se preparam bem para essa crise e aponta tendência de recuperação em 2017. “Nós da Findes, com investimentos de R$ 13 milhões em nossa unidade do Senai, ampliamos a capacidade de qualificação de mão de obra. A nível nacional, a aprovação da PEC 241 e a regulamentação da terceirização da mão de obra podem ajudar melhorar o cenário local”, avalia.
Para o economista do Instituto Futura, Orlando Caliman, a perda de empregos é geral e não deve ser atribuído só à cidade. “A perda está se dando em todos os setores da economia, e no Espírito Santo, as cidades maiores são as mais afetadas. A Serra, sem dúvida nenhuma, é importante para o estado, tem um PIB razoável. A perda de emprego é uma preocupação e tem de ser pensada alternativas. Hoje precisa-se resolver uma questão nacional, mas o município pode tomar iniciativa facilitando projetos, diminuindo burocracias”, aconselha.
Orlando destaca ainda os potenciais da cidade para reverter a queda na geração de trabalho. “A Serra tem infraestrutura invejável, espaço, mobilidade, como outras cidades não tem. A Prefeitura pode atrair empresas melhorando as condições, a Serra esta bem preparada para expandir mais, tem vários polos, bom setor de logística. Só está precisando ter mais acessos a portos”, conclui.