Cinzas de André Ruschi serão espalhadas em praia de reserva

 

Clarice Poltronieri

Neste sábado (20), ao meio-dia, as cinzas do cientista e ambientalista capixaba André Ruschi, serão espalhadas na praia da Estação de Biologia Augusto Ruschi, local onde André morava e dedicou sua vida. A Estação fica em Santa Cruz, município de Aracruz.

A cerimônia será feita pelos familiares de André em homenagem ao seu aniversário, que seria na próxima quarta (24), quando completaria 61 anos. Quem quiser homenagear Ruschi, que morreu no último dia 04 de abril, pode comparecer.

“Ele já tinha comentado algumas vezes que quando partisse, gostaria que as cinzas fossem jogadas no mar em frente à reserva. Como seu aniversário seria no dia 24, decidimos fazer esta homenagem, mas antecipamos para cair no fim de semana”, disse a filha de André, Anita Ruschi.

André era filho e herdeiro intelectual do patrono nacional da Ecologia, o também capixaba Augusto Ruschi, que dá nome à reserva. Pesquisador e ambientalista, com inúmeras contribuições para o meio-ambiente do estado, André seguiu os passos de seu pai, e alimentava centenas de beija-flores na Estação, que tem área florestal de 300m².

Quem quiser ajudar a manter a obra de André, pode colaborar com 5 kg de açúcar cristal, deixando na reserva, em Santa Cruz, ou em alguma das empresas juniores da Universidade Federal do Espírito Santo, em Vitória. A campanha de arrecadação é uma iniciativa da empresa júnior Ecoceano, do curso de Oceanografia da Ufes, e segue até o dia 31 de agosto.

O açúcar arrecadado será usado na alimentação dos beija-flores que vivem na Estação. O trabalho é feito há cerca de 30 anos e são usados 5 kg do produto por dia para abastecer os 80 bebedouros.

Constituição Federal e CPI da Poluição

Além do trabalho de pesquisador, André também se destacou como um dos importantes ambientalistas brasileiros da sua geração. Foi o autor do artigo 225 da Constituição Federal de 1988, que trata do Meio Ambiente.

Também foi consultor da 1ª Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Assembleia Legislativa que investigou a poluição do ar na Grande Vitória na década de 1990. André foi ainda um dos articuladores das duas primeiras (e únicas) reservas ambientais marinhas existentes no ES: O Refúgio da Vida Silvestre de Santa Cruz em Aracruz e a Área de Proteção Ambiental (Apa) Costa das Algas, que se estende do litoral de Aracruz até a praia de Capuba na Serra.

Mais recentemente, foi uma das primeiras vozes a alertar sobre a contaminação por metais pesados nos peixes do rio Doce e do oceano Atlântico no litoral do ES em decorrência do desastre/crime ambiental da Samarco (Vale + BHP Billiton) em Mariana, MG.