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Clima de guerra entre Audifax e Vidigal no debate da OAB

Por Yuri Scardini

Sublimação. É o nome dado à conversão de um sólido diretamente para o estado gasoso sem nem ao menos passar pelo estado líquido. Foi o que houve na Serra. Em poucos dias, as eleições saíram do gelo e foram direto para o vapor ardente. Há dois dias das eleições dá para dizer que a cidade respira a polarização entre o prefeito Audifax Barcelos (Rede) e o deputado federal Sérgio Vidigal (PDT), os principais concorrentes para comandar a cidade pelos próximos quatro anos.

Esta semana foi marcada por intensa troca de acusações, tanto na internet quanto na rua, inclusive durante uma caminhada em Capuba, as turmas de Vidigal e Audifax, ao se encontrarem, quase chegaram às vias de fato. Estes casos de agressividade têm sido relatados em outros locais da cidade.

Para se ter ideia do colossal clima de hostilidade entre Audifax e Vidigal, na última quarta-feira (28), a OAB promoveu uma sabatina com os candidatos, além de Vidigal  e Audifax, o candidato Gideão Svensson (PR) também estava presente. O evento desnudou o ódio mútuo, que até então estava travestido de um ilusório clima de cavalheirismo por conta da doença e internação de Audifax nos primeiros dias da campanha eleitoral. Não faltaram troca de farpas, acusações, xingamentos, gritos, um clima tenso que demandava extrema atenção de ambos os lados. Isso tudo dentro do coração da cidade, a Câmara Municipal da Serra.

No cerne da questão, é necessário parabenizar a inovadora e ousada ação da OAB subseção Serra, na figura do presidente Ítalo Scaramussa, que conduziu com pulsos firmes algo que poderia desandar para uma verdadeira baixaria. Ítalo o tempo todo controlou os ânimos da galeria, foi sempre democrático e justo, auxiliado por um corpo de advogados que deu suporte nos bastidores de um evento que mesmo com toda nitroglicerina terminou bem.

Entre os dois principais candidatos não faltaram acusações. No roteiro da OAB, estava previsto uma sabatina em dois momentos: o primeiro feito por perguntas bem pensadas e sorteadas, endereçadas aos três candidatos. Esta primeira etapa foi indiscutivelmente muito bem sucedida. Os problemas começaram a surgir na segunda etapa, quando seria aberto para perguntas de advogados que se inscreveram previamente.

É que a grande maioria desses advogados era da turma pró- Audifax, muitos deles figurinhas carimbadas, assessores comissionados e líderes de partidos aliados. Pelo que se observou, Vidigal foi desarmado para este momento. O ex-prefeito foi metralhado por perguntas capciosas como a polêmica dos R$ 40 milhões do Instituto de Previdência dos Servidores da Serra (IPS), o contrato da EngeUrb, supostos rombos deixados em 2012, obras inacabadas e uma série de outras questões que visivelmente incomodaram muito o líder pedetista. Enquanto Vidigal era alvejado, Audifax fazia cara de paisagem.

Mas Vidigal tinha alguns trunfos na manga. A maioria vidigalista fazia muito barulho na galeria da Câmara e segurava a onda do ex-prefeito para seguir firme. Além disso, o ex-prefeito teve uma ajuda inesperada: Gideão. Um grande orador, diga-se de passagem, Gideão abriu fogo por várias vezes contra Audifax e sua turma de advogados e, em alguma medida, blindou Vidigal. O ponto mais sangrento das cicatrizes ainda em carne viva, aconteceu ao final do evento, quando um dos filhos de Vidigal e um assessor muito próximo à Audifax, depois de muitos xingamentos de baixo calão, quase saíram no braço. Foi necessário que o pessoal do “deixa disso” intervisse.

Em resumo, o bem-sucedido evento promovido pela OAB serviu como um grande termômetro e indicou que a temperatura subiu. Faltando dois dias, deve subir ainda mais e, entre mortos e feridos, alguém vai ficar de pé.

 

Ana Paula Bonelli

Moradora da Serra, Ana Paula Bonelli é repórter do Tempo Novo há 25 anos. Atualmente, a jornalista escreve para diversas editorias do portal.

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