Quem depende do transporte público nas cidades da Grande Vitória, inclusive na Serra, pode ser novamente afetado com grandes dificuldades para se locomover durante esta terça-feira (5). Acontece que os cobradores estão prometendo impedir, novamente, a saída de ônibus do Sistema Transcol das garagens das empresas. O movimento, que causou a paralisação da circulação dos coletivos nesta segunda-feira (4), pede que esses funcionários – que estão afastados desde maio de 2020 – voltem ao trabalho.
Em conversa com o TEMPO NOVO, o diretor financeiro do Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários no Estado do Espírito Santo (Sindirodoviários), Valdeci Laurino, informou que o movimento é independente e não está sendo organizado pelo sindicato. “Os cobradores querem ir para as portas das garagens na madrugada desta terça-feira novamente. O sindicato pediu para que eles fossem para uma praça em Vitória, mas a decisão final é deles”, disse.
Valdeci garantiu que o Sindirodoviários não está organizando esse novo movimento. “Eles querem ir nas garagens e permitir a saída dos ônibus apenas quando os cobradores voltarem, mas essa não foi a orientação do sindicato. Nós queríamos marcar uma reunião com eles em Vitória para conversar melhor sobre a atual situação”, informou.
Em grupos de WhatsApp, os cobradores estavam discutindo sobre a possibilidade da nova paralisação nesta terça-feira. Mensagens apontam que grande maioria prefere o impedimento da saída dos ônibus do que a reunião na capital do Espírito Santo. Sem a confirmação concreta, o movimento pode ou não acontecer e a população só será informada nos primeiros momentos da manhã desta terça-feira.
Nesta segunda-feira (4), na Serra, assim como outras cidades da Grande Vitória, somente os ônibus com ar-condicionado estavam circulando para atender as linhas troncais (de terminal a terminal). Todos os outros coletivos não conseguiram sair das garagens como, por exemplo, na Unimar, em Laranjeiras Velha. Mais cedo, por volta das 6 horas, eles realizaram um ato na sede da empresa, onde gritavam frases exigindo o retorno dos cobradores aos ônibus do Transcol.
Leia também: Governo do Estado diz que cobradores “não podem e não serão demitidos”
A motivação da greve é o pedido de retorno dos cobradores aos ônibus. Eles estão afastados desde maio, mas recebendo os seus salários, através de programa feito pelo Governo Federal. Agora, após o fim do programa, o Governo do Estado decidiu manter os profissionais em casa, mas recebendo integralmente o salário e todos benefícios. A medida no entanto não agradou os rodoviários, que temem demissões.
É importante lembrar que em acordo firmado pelo Governo do Estado, em 2019, ficou garantido que os cobradores não serão demitidos até o fim de 2021. Durante esse período, o Estado deve oferecer cursos de capacitação para que esses funcionários sejam recolocados no mercado de trabalho. A partir de 2022, as demissões poderão ocorrer.
Afastamento dos cobradores
O afastamento desses profissionais ocorreu no dia 17 de maio de 2020, com base no Programa Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda, do Ministério da Economia. O governo federal pagou um benefício aos trabalhadores para que eles não ficassem sem renda durante a interrupção dos contratos.
Na ocasião, o Estado havia decidido suspender o contrato de trabalho por apenas dois meses, mas o retorno dos profissionais já foi adiado por três vezes. Até janeiro, os cobradores ficarão afastados, no total, por oito meses.
Vale destacar que, desde maio, os coletivos deixaram de aceitar dinheiro em espécie como forma de pagamento. O motivo é o risco de contaminação da Covid-19, já que as cédulas podem servir como vetor da doença.
Agora, em 2021, o programa federal chegou ao fim. Mesmo assim, o Estado decidiu manter os trabalhadores afastados, mas pagando o salário integral.