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Cobras aparecem em creche e Serra reforça cuidados durante período reprodutivo

Cobras-coral encontradas no CMEI Vovô Reilly Duarte, em Pitanga. Crédito: Divulgação

De acordo com artigos científicos, de março a agosto, época bem quente do ano no Brasil, é o período de reprodução da maioria das serpentes nas regiões brasileiras e na Serra não é diferente. Prova disso, é a quantidade de cobras-coral que tem aparecido em condomínios, casas e até creches do município.

Nos últimos dias, a reportagem recebeu relatos de aparição de filhotes de Coral em Jardim Limoeiro, no condomínio Parque dos Pinhos II e também na creche Vovô Reilly Duarte, em Pitanga.

Vale ressaltar que a Serra, possui uma extensa área de preservação em todo seu território que é rico em fauna e flora e é um dos municípios que mais resgata animais silvestres na Grande Vitória, a maioria deles, são cobras. Tanto em Jardim Limoeiro, quanto em Pitanga, existem trechos de resquícios de mata atlântica preservados.

“É preocupante porque temos muitas crianças aqui e elas são curiosas. Nós alertamos para não tocarem, mas estamos falando de crianças. Estamos preocupados”, disse o pai de uma aluna da creche, que não quis se identificar.

O mesmo problema acontece no Parque dos Pinhos II, que tem área de lazer e os pequenos brincam livremente no espaço. “Nosso medo é acontecer um acidente fatal”, disse um morador que não quis se identificar.

+ Invasão de cobra mortal em condomínio da Serra, deixa moradores em pânico

A reportagem consultou o biólogo Cláudio Santiago, especialista na área, que analisou e identificou por meio dos vídeos e fotos enviados por leitores do Tempo Novo, que a espécie que tem aparecido é a coral verdadeira, que apesar de venenosa, é uma cobra que não apresenta agressividade e prefere ficar escondida em meio a folhas, embaixo de blocos e se alimenta de lesmas, cobra cega, minhoca, lagartinhas. “Trata-se da Micrurus corallinus que é extremamente perigosa e uma das mais venenosas em território brasileiro. Ela não é agressiva, mas é necessário ter cautela”, alertou Cláudio.

A Prefeitura da Serra está de olho na situação e prometeu tomar providências. Na creche de Pitanga, por exemplo, a Secretaria de Educação informou que a creche fica na zona rural e que a Sedu Serra está trabalhando em conjunto com a Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente, por meio do setor de fiscalização, que vem acompanhando a situação. “Informa ainda que o setor de Infraestrutura da Sedu, vai fechar possíveis acessos das cobras ao terreno, como indicado pela fiscalização”.

Já no condomínio de Jardim Limoeiro, a Secretaria de Meio Ambiente (Semma) informou que enviou, uma equipe ao local para averiguar e tomar as providências necessárias. Além disso, orientou que o condomínio pode agendar uma ação de educação ambiental sobre a presença de animais silvestres, através do e-mail dea.semma@serra.es.gov.br ou pelo site da prefeitura, seguindo o caminho: Secretaria de Meio Ambiente, Educação Ambiental, Agendamento.

O recolhimento de animais silvestres pode ser acionado por meio da Secretaria de Meio Ambiente da Serra que atende pelo telefone 27 3291-7413.

O biólogo Cláudio Santiago ressaltou que a Coral é uma serpente pequena, com a boca pequena e os dentes miúdos e dificilmente irá atacar alguém. “Mas pode acontecer um acidente, alguém pisar, sentar em cima, ou encostar a mão sem querer e se acontecer é extremamente sério. Essa peçonha é uma das mais sinistras que existem. Pode matar até uma pessoa adulta, se não matar, no mínimo vai dar um prejuízo muito grande”.

Santiago também explicou sobre a toxicidade da peçonha da Coral que é muito forte e ataca o sistema nervoso. “Não é como a jararaca que destrói tecido. Em caso de mordida de Coral, a instrução é procurar socorro urgentemente e rápido. O veneno dela age deixando a pessoa com dormência, visão turva, disfunção motora, depois não consegue falar, não consegue respirar e o coração começa a falhar. É muito tóxico é preciso ter muitíssimo cuidado”.

Atendimento para casos de acidentes

No ES, existe o Centro de Informação e Assistência Toxicológica (CIATox) que possui atendimento 24 horas por dia pelos telefones 0800 283 9904.

O Centro é um importante componente na promoção da assistência toxicológica. Por meio do teleatendimento, orienta e presta assistência ao paciente que foi exposto a algum agente tóxico. Cerca de 80% das pessoas que ligaram para o CIATox, receberam orientações no local e, assim, não houve necessidade de ir até um serviço de saúde.

Todos os acidentes com animais peçonhentos devem ser avaliados nas unidades básicas de saúde. Se envolver mordidas com perfuração, sangramento ou sintomas como formigamento, dor intensa e inchaço, a orientação é procurar imediatamente uma UPA.

Os municípios são responsáveis por armazenar e distribuir os soros (antiofídicos, antiescorpiônico e aracnídeo). Os critérios de utilização são definidos pelo governo do Estado, por meio do Centro de Intoxicação e as doses são ministradas nos hospitais Infantil e Jayme dos Santos Neves.

 

Ana Paula Bonelli

Moradora da Serra, Ana Paula Bonelli é repórter do Tempo Novo há 25 anos. Atualmente, a jornalista escreve para diversas editorias do portal.

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