Em uma sessão recheada de ataques à imprensa e discursos ultramoralistas, os vereadores da Serra aprovaram o Projeto de Resolução 12/2021 que, na prática, cria o auxílio-gasolina de 200 litros por mês para cada parlamentar. Dos 23 vereadores, 16 votaram ‘sim’ (estão listados abaixo), entretanto, todos passarão a ter o benefício. Os detalhes do projeto foram expostos pelo Jornal Tempo Novo na quinta-feira passada (28) e geraram forte rejeição nas redes sociais.
Nos bastidores, é sabido que o projeto nada mais é do que a brecha legal necessária para que, no futuro, a Câmara adquira veículos individuais para os parlamentares, seja por compra ou aluguel, além de fornecer gasolina paga com dinheiro público. Com a impopularidade da medida e o tamanho que tomou, os vereadores que encabeçaram a proposta mudaram o discurso e passaram a afirmar que o projeto trata-se apenas de uma regulamentação para uso dos cinco carros de que a Câmara já dispõe.
Ocorre que já existem regras para o uso desses veículos, que até então para serem utilizados, os vereadores precisavam detalhar em um formulário específico, contendo informações como: local, hora e data da utilização, o que era tido como burocrático. Além disso, a Câmara da Serra ainda dispõe de motoristas próprios para utilização institucional dos carros, portanto, nem vereadores e nem assessores diretos dos mesmos podiam dirigi-los.
Agora, essas regras foram afrouxadas e cada parlamentar passou a ter um auxílio-gasolina de 200 litros por mês. Além disso, uma hipotética compra ou aluguel de carros para vereadores está devidamente regulamentada, podendo a Câmara executar tal medida a qualquer momento, já que existem regras específicas para uso de veículos oficiais. Inclusive, os próprios vereadores afirmaram isso em alto e bom som durante a sessão.
O Projeto de Resolução aprovado não estava sequer na Ordem do Dia, mas já havia comentários nos corredores da Câmara de que seria colocado para votação, assim como de fato ocorreu. Informações de bastidores apontam que diante da impopularidade, alguns parlamentares queriam votar contra a proposta. Entretanto, um cerco de vereadores pró-auxílio foi montado para convencer os demais colegas.
Entre os mais raivosos estava o vereador William da Elétrica (PDT), que em discurso chegou a atacar nominalmente o Jornal Tempo Novo, defendeu vigorosamente o auxílio-gasolina, mas na hora da votação curiosamente preferiu se abster.
Outro que não perdeu a chance de parabenizar o auxílio-gasolina foi Wellington Alemão (DEM), que teceu elogios à Mesa Diretora e comentários ofensivos contra à imprensa.
Ao microfone também saíram em defesa do projeto: Professor Artur (SD); Rodrigo Caçulo (Republicanos), Ericson Duarte (Rede), Sérgio Peixoto (Pros) e Elcimara Loureiro (PP). Vale ressaltar que toda a sessão é gravada, portanto, registrada em vídeo Ad aeternum.
Votaram sim ao auxílio gasolina:
Durante a votação, se ausentaram do plenário os vereadores
Houve bate-boca no plenário.
Sobre isso, o vereador Anderson Muniz (Podemos) discursou. “Acho estranho, dentro de uma democracia, quando temos parlamentares, dentro da Casa se escondendo para não votar; acho estranho dentro de uma democracia quando esses parlamentares fogem do voto porque não sabem se justificar; ficam presos em salas em anexo com medo de representar a população no voto. Renunciem ao mandato, mas não fiquem em sala anexa fugindo do voto. Vi aqui uma vereadora que foi para uma rede social, que defendeu, e a vereadora fugiu para não votar. É literalmente uma vergonha”, cutucou.
Professor Rurdiney (PSB) asseverou. “Fico muito triste quando alguns colegas se furtam ao direito de votar e de defender aquilo que acreditam ser a verdade. Se é contra o projeto, vote não e defenda. Mas se é sim, vote sim e defenda”.
Elcimara Rangel saiu em defesa da colega. “Estou falando, autorizada pela colega Raphaela Moraes. Ela fez uma cirurgia há 15 dias, é favorável ao projeto. Está fazendo uma revisão e vai trazer o atestado na próxima sessão”, disse, sob risos dos colegas.