Mestre Álvaro

Com indireta de ‘caça a likes’ a Muribeca e denúncias contra Vidigal, Audifax se filia ao PP em tom de pré-campanha

Na manhã desse sábado (02), o ex-prefeito Audifax Barcelos assinou a ficha de filiação no Partido Progressista. O ato ocorreu na área de eventos do Hotel Serra Grande e reuniu cerca de 300 apoiadores. Na prática, a cerimônia marcou a entrada oficial de Audifax na pré-eleição de 2024.

Ao seu estilo, o ex-prefeito mesclou um discurso técnico com muitos elementos políticos, demonstrando vigor e animação. Seu discurso se concentrou especialmente em críticas à gestão municipal de seu adversário, o atual prefeito Sergio Vidigal (PDT). Audifax também enviou mensagens explicitamente direcionadas para o deputado Pablo Muribeca, que também é pré-candidato a prefeito pelo Republicanos.

O evento começou às 9h50, quando o ex-prefeito chegou acompanhado do ex-deputado Carlos Manato (PL) e do deputado federal Josias da Vitória (PP). Após uma oração e o hino nacional, iniciaram-se as declarações dos dirigentes do PP e dos apoiadores. Na plateia, a militância de Audifax estava animada e bastante participativa.

Um dos dirigentes mais influentes do partido, Marcos Delmaestro, foi o primeiro a falar. Ele destacou as qualidades técnicas de Audifax e deu as boas-vindas ao ex-prefeito. Em seguida, o presidente estadual do partido AGIR, Roque Monteiro, assumiu o microfone. Ele declarou o apoio da legenda à pré-candidatura de Audifax à Prefeitura da Serra.

A vereadora da Serra, Raphaela Moraes, também se pronunciou. Seu discurso, que funcionou como um prefácio para Audifax, já sinalizava o que estava por vir. Ela afirmou que a Serra precisa “voltar a ser a cidade mais transparente do Brasil” e que o município necessita “parar de inaugurar só praças”. Defendeu que, “para a Serra voltar a crescer” o ex-prefeito precisa reassumir a função.

A declaração de maior tom ideológico foi proferida pelo ex-deputado Carlos Manato. Apesar de filiado ao PL, Manato é um antigo aliado de Audifax. Ambos foram secretários de Vidigal nas primeiras gestões dele à frente da prefeitura e romperam a relação política com o atual prefeito.

Segundo Manato, os maiores momentos de crescimento da Serra ocorreram durante as gestões de Audifax na Prefeitura. “A Serra foi a que mais investiu com recursos próprios, mas a perseguição vermelha não deixou ele ser prefeito”, afirmou. Ele se referiu ao ano de 2008, quando a convenção do PDT aprovou a candidatura de Vidigal, excluindo Audifax, que na época era o prefeito pelo PDT, da disputa.

Manato também atribuiu a Audifax a autoria de grandes obras e investimentos, como o Contorno do Mestre Álvaro, a construção de creches, o Hospital Materno Infantil, o Rotatório do Ó e a Arena Cabo Porto (antigo Clube Riviera, em Jacaraípe). Ele ainda vinculou Audifax aos movimentos conservadores, lembrando que o ex-prefeito frequenta a igreja Batista há 40 anos. “Somos contra o aborto, contra a pedofilia e a favor da liberdade econômica”, disse Manato, acrescentando: “esta eleição da Serra terá dois turnos, vamos disputar contra a máquina, será uma eleição difícil”. Manato finalizou ironizando o atual prefeito Sergio Vidigal: “Quando ganhou, o prefeito disse que não era candidato à reeleição, vocês acreditam em Papai Noel?!”, provocou.

O Deputado Josias da Vitória fez um discurso acolhedor em relação a Audifax, declarando enfaticamente: “O próximo prefeito da Serra é Audifax Barcelos”, e reforçando que seu novo companheiro de partido foi o “melhor prefeito que a Serra já teve”. O tom de Da Vitória demonstrou alinhamento partidário com a pré-campanha de Audifax. Essas declarações foram corroboradas pelo deputado Evair de Melo, que havia acabado de chegar ao evento. Evair também defendeu o ex-presidente Jair Messias Bolsonaro e criticou Lula por “quebrar o país”.

Como esperado, o encerramento do evento ficou a cargo de Audifax. Seu discurso deixou claro seu objetivo de retornar à Prefeitura da Serra. Direcionando sua fala a Vidigal e Pablo Muribeca, ele deu uma prévia de sua estratégia para os próximos meses. Inicialmente, ele ressaltou o orgulho da população da Serra pela cidade, contrapondo-se à vergonha sentida anos atrás quando a Serra era vista como “o quintal da Grande Vitória”.

Audifax recordou desafios enfrentados em suas gestões, como o fim dos incentivos fiscais do Fundap por decisão do Governo Federal, que impactou o orçamento da Serra, a enchente de 2014 e a pandemia. Citou obras que considera como seu legado, especialmente o Contorno do Mestre Álvaro, mencionando também o ex-presidente Jair Bolsonaro: “não vão chamar nem eu nem Bolsonaro [para a inauguração], mas as obras foram iniciadas na minha gestão e na dele”.

A partir daí, Audifax intensificou as críticas a Vidigal. Acusou o atual prefeito de “prejudicar” a saúde financeira e o protagonismo econômico da Serra, de “iludir” os eleitores com promessas na área da Saúde e de “mentir” sobre sua candidatura à reeleição. Prometeu expor “as coisas”, como o retorno dos “marajás na cidade da Serra”, onde segundo ele, 76 cargos “escolhidos a dedo” recebem o dobro do salário do prefeito.

Por fim, Audifax dedicou uma parte significativa de seu discurso para denunciar práticas que considera suspeitas, como a contratação de serviços e fornecedores por meio de adesão à ata de preços em vez de realizar licitações.

Sem mencionar diretamente o nome do deputado Pablo Muribeca, o ex-prefeito Audifax dedicou a parte final de seu discurso a criticar os “caçadores de likes”, termo utilizado para se referir a pessoas que buscam engajamento virtual por meio de ações polêmicas nas redes sociais. Embora não tenha citado explicitamente Muribeca, a militância de Audifax deixou claro a quem o recado se destinava. “Na política, temos muitos caçadores de like, e isso não é adequado para a Serra, pois as demandas aqui são reais”, afirmou.

Ele ressaltou também que “não é qualquer um” que pode assumir o cargo de prefeito, enfatizando que o rápido crescimento populacional da Serra, um dos mais intensos do Brasil, exige a eleição de alguém preparado. Audifax alertou sobre o impacto da Reforma Tributária na receita do município, estimando uma redução de R$ 300 milhões, o que poderia ameaçar a saúde fiscal da Serra e a prestação de serviços à população. Reiterou que tais desafios não podem ser enfrentados por políticos “inexperientes” e focados apenas em obter likes na internet.

O ex-prefeito expressou estar “animado, feliz e com energia’”, garantindo que “vai com força total” em busca de seu retorno à Prefeitura da Serra.

Yuri Scardini

Morador da Serra, Yuri Scardini é repórter do Tempo Novo. Atualmente, o jornalista escreve para diversas editorias do portal, principalmente para a editoria de política.

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