Encerra-se na noite deste sábado (06) o prazo para filiações partidárias. Na prática, isso significa que quem deixar a sigla à qual está filiado após essa data não poderá disputar a eleição municipal. Às vésperas do fechamento das chapas, o PDT é de muito longe o partido que melhor se saiu no processo, não apenas na montagem de sua própria chapa, mas principalmente pelo volume de articulações que gravitam em torno do prefeito Sergio Vidigal e do pré-candidato a prefeito da Serra, Weverson Meireles (ambos PDT).
Não é surpresa que isso ocorra, já que é o partido que está no poder. Mas ainda assim, fazer bem feito o dever de casa é item importante para passar de ano. No total, são 10 partidos, incluindo o próprio PDT, montados direta ou indiretamente pelas movimentações do grupo de Vidigal e Weverson. São eles: 1 – União Brasil; 2 – MDB; 3 – Solidariedade; 4 – PSB; 5 – Rede Sustentabilidade; 6 – PMN; 7 – PT; 8 – Podemos; 9 – PV. Esse conjunto de partidos deve ter chapa completa, isto é, 24 candidatos cada, representando, assim, um grupo que, somado, equivale a um exército de 240 candidatos a vereadores.
Há uma grande variação no perfil de cada partido, claro, com alguns apresentando evidentes favoritos e personalidades reconhecidas, enquanto outros têm menos expectativas. Ainda assim, representa uma equipe formidável. Além disso, é importante considerar que ainda podem ocorrer muitas mudanças, como, por exemplo, no caso do PT e do PV, que estão federados e se movimentam para ter candidatura própria. Mas até chegar aí, tem muita coisa para acontecer.
Para todos os efeitos práticos, o grupo de Vidigal e Weverson montou diretamente ou ajudou a montar 10 siglas. A contabilidade convencional sugere que, em média, cada candidato a vereador pode transferir de 100 a 150 votos para o candidato a prefeito ao qual está vinculado. Numa estimativa simplificada, estamos falando de até 36 mil votos, teoricamente trazidos por esse exército partidário. Na Serra, esse fator sempre teve grande importância, devido à extensão territorial e populacional da cidade, onde, em geral, os candidatos a vereador servem como vetores eleitorais dos candidatos a prefeito nas diversas comunidades.
Sair na frente é, sem dúvida, uma grande vantagem, especialmente se Weverson for de fato o candidato a prefeito pelo PDT, considerando que ele não é uma figura amplamente reconhecida pelo eleitorado. Com esses supostos 36 mil votos [ressaltando: supostos, pois se trata de um número puramente especulativo], o PDT buscará angariar mais alguns milhares por meio da transferência direta de votos do próprio Vidigal e do governador Renato Casagrande (PSB), que são os dois principais cabos eleitorais locais, além de contar com as amplas possibilidades de mobilização e estrutura que uma prefeitura e um governo estadual podem oferecer.
Orbitam também nesse grupo aliados de peso, como o presidente da Câmara da Serra, Saulinho da Academia, filiado ao próprio PDT, que responde pela segunda maior estrutura administrativa da cidade, além do deputado estadual Alexandre Xambinho (Podemos) e da tradicional família Lamas (PSB), que reatou laços com Vidigal através de Weverson. Vale ressaltar que o Podemos de Xambinho e o PSB dos Lamas estiveram entre as siglas que o PDT ajudou a estruturar, trazendo pré-candidatos para garantir legenda e blindando a chapa contra assédio de terceiros.
Portanto, o PDT emerge fortalecido desse processo; em outras palavras: é um grande passo para viabilizar a campanha do sucessor de Vidigal, que, até agora, é o jovem e promissor Weverson Meireles do PDT, que vem com um discurso forte de continuísmo e amplificação do processo de desenvolvimento da Serra por meio de uma ‘renovação segura’ e contra o que ele chama de ‘retrocesso’ – narrativa cirurgicamente pensada para fazer um contraponto aos adversários: o ex-prefeito Audifax Barcelos (PP), que dentro desse mote, seria a antítese a renovação e ao deputado Pablo Muribeca, a quem é direcionado o termo ‘retrocesso’.
Os demais pré-candidatos a prefeito esforçaram-se para contrapor o avanço do PDT, mas, aparentemente, sem êxito. Embora ainda possa haver mudanças até sábado, dificilmente algo tão significativo ocorrerá a ponto de alterar o cenário final. O mais afetado nesse processo foi o deputado estadual Pablo Muribeca, do Republicanos. Aspirando à prefeitura, ele tentou organizar quatro partidos, mas, ao final do processo, deve conseguir apenas solidificar o Republicanos e, até o último momento, tentar uma articulação com o PSD. Pablo mostrou determinação, o que é louvável.
Contudo, o jogo é bruto, a política é um campo desafiador que exige resiliência. Considerando que ele foi o principal alvo de Vidigal e Audifax, conseguir manter o Republicanos já é um feito considerável e certamente traz ganhos em experiência e compreensão do processo político. Mas falando pragmaticamente, é público e notório que no início desse processo a expectativa era maior do que o resultado que está se apresentando.
O ex-prefeito Audifax Barcelos (PP), muito mais familiarizado com essa etapa do processo eleitoral, estava ciente de suas limitações para convencer e motivar a adesão de muitos pré-candidatos e formar um grupo partidário amplo. Com realismo, Audifax foi indiretamente beneficiado pelo anúncio de Vidigal, em março, de desistir da campanha de reeleição, já no calor das negociações de filiações. Isso deu a ele um impulso para conseguir montar seu grupo. Consciente da dificuldade de atrair pré-candidatos dos partidos alinhados a Vidigal, que contam com maior estrutura, ele focou em Pablo.
E assim o fez, de maneira eficiente, atraindo vereadores com mandato e pré-candidatos que eram opositores de Vidigal e que estavam com Pablo, mas que viram em Audifax um projeto mais viável e com maiores chances de sucesso, especialmente considerando que, em teoria, Vidigal não estaria na disputa eleitoral. Dessa forma, Audifax montou bem o PP e busca viabilizar o Agir, que é seu partido aliado. Há conversas de que ele estaria tentando montar um terceiro, mas tudo muito especulativo até o momento.
Adotando uma postura de neutralidade, o PSDB montou uma das chapas mais competitivas, contando apenas com o vereador Raposão de mandato e um grupo de 10 a 12 ‘cabeças’ com votos suficientes para disputar uma segunda ou até terceira vaga, além dos demais que completam as 24 vagas. A neutralidade estratégica do PSDB ofereceu uma certa proteção contra o assédio a sua chapa. Contudo, nesta reta final, ocorreram tumultos, pois, no afã de consolidar o Republicanos, Pablo buscou filiar membros do PSDB, gerando conflitos com o deputado estadual Vandinho Leite, líder tucano do Espírito Santo e o articulador central das chapas. Ao contrário de Pablo, o prefeito Sergio Vidigal e o ex-prefeito Audifax estrategicamente não abordaram membros do PSDB, conscientes da importância de manter uma relação cordial com o partido, levando em conta que este pode ser o ‘Martelo de Thor’ nas etapas finais das composições partidárias.
Por isso, ainda que PSDB e Republicanos possam hipoteticamente caminhar juntos, isso foi dificultado nessa reta final de filiações em decorrência desse movimento considerado por Vandinho, errático por parte de Pablo, enquanto, o dialogo parece bastante aberto com o PP de Audifax e o PDT de Vidigal/Weverson.
O PSDB possui três grandes vantagens: 1 – a influência de Vandinho na Serra, capaz de transferir um volume significativo de votos; 2 – a diversidade e boa avaliação da chapa tucana; 3 – o apoio partidário junto ao governador Renato Casagrande, que pode ser decisivo na participação ativa ou não do governador na eleição. No cenário estadual, PSDB e PSB são aliados, e Casagrande avaliará seus próprios desafios para 2026, o que incluirá um acordo com os tucanos, por isso, certamente não interessa ao governador estar no lado oposto ao PSDB e muito menos criar ruídos nesse momento.
Nesse processo de montagem de chapa, ficou bastante evidente que ambos os partidos, PT de Lula e PL de Bolsonaro, vão precisar se escorar na polarização nacional para crescer. Isso porque, na articulação local, ambos os partidos tiveram um desempenho mais tímido na montagem de chapa. Resultado disso, é que o próprio PT, que a princípio tem pré-candidatura própria, precisou pedir socorro para o PDT na estruturação de sua chapa de vereadores. O PL, por sua vez, não pediu ajuda a ninguém e conseguiu montar uma chapa com alguma chance de sucesso, a depender de candidaturas que são consideradas potenciais, mas ainda difíceis de serem medidas. Em sua órbita está apenas o partido Novo, que embora pareça animado, trata-se efetivamente de uma sigla pequena.
Igor Elson está confirmado na pré-campanha a prefeito da Serra, carregando o nome de Bolsonaro. Seu sucesso pode se beneficiar do engajamento bolsonarista. O PT enfrenta uma situação mais complexa; apesar da ativa movimentação de Roberto Carlos, a relação entre PT e PDT, seja em uma composição conjunta ou em campanhas que não se antagonizem, ainda precisa ser definida. A polarização nacional entre Lula e Bolsonaro, quanto mais presente no eleitorado da Serra, melhor para Igor e Roberto Carlos. Isso pode ser estrategicamente estimulado por ambos; e de forma perene, foi isso que ficou evidenciado durante essa montagem de chapas: a polarização nacional é o que de melhor poderá acontecer ao PT e PL, pois se o debate ficar somente na esfera local, ambos serão tratorados pelos candidatos localmente mais robustos: Vidigal/Weverson, Audifax e Muribeca.
A equação eleitoral não é exata. Ter mais partidos e candidatos não garante vitória por si só, mas é indiscutivelmente um fator relevante, especialmente se a qualidade acompanha a quantidade de candidatos. A transferência de votos é uma variável complexa; o estimado de 100 a 150 votos por candidato a vereador é uma conjectura meramente especulativa, e muitos imprevistos podem ocorrer, como traições, descompromisso, divisões internas e manobras políticas. Apesar disso, não se pode negar que o desempenho do PDT o coloca a frente nesse aspecto. Outro aspecto, que tem sido pouco comentado, mas que pode se concretizar, é a possibilidade de haver espaço eleitoral na televisão para a Serra, assim como já acontece em Vitória e Vila Velha. Existem argumentos de sobra para sustentar essa possibilidade.
Se isso ocorrer, a relevância do trabalho realizado pelo PDT durante essa fase de montagem de chapas torna-se ainda mais significativa. Com 8 a 10 partidos, incluindo alguns grandes e outros de porte médio, e podendo ainda incorporar o PSDB – a depender de desenvolvimentos futuros –, a campanha pedetista ganharia grande visibilidade devido ao extenso tempo de TV disponível. Para um projeto de renovação liderado por Weverson Meireles, aliado à força de 240 candidatos atuando nas ruas, ter um maior volume de exposição na televisão é uma vantagem decisiva.
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