O deputado estadual Vandinho Leite (PSDB) ainda não anunciou que pretende ser candidato a prefeito da Serra neste ano. Entretanto, ele já tem uma convicção: Amaro Neto aqui não. É esse o sentimento que ele expôs à reportagem do Jornal Tempo Novo, após Amaro mudar de domicílio eleitoral e entrar automaticamente para o hall de pré-candidatos a prefeitos da cidade.
Ele classifica essa manobra como uma “falcatrua” e uma “ameaça” para a cidade: “governar a Serra é muito mais do que fazer palhaçada na TV, pessoas podem morrer”, dispara. E propõe um desafio para Amaro: “venha debater a Serra comigo. Aposto que ele não conhece nem metade dos bairros da Serra. Se ele me surpreender, eu abaixo o tom nas críticas”. Confira mais na entrevista:
Como recebeu a notícia de mudanças de domicílio eleitoral de Amaro Neto para o município? Acredita que ele será candidato aqui?
Antes de ser representante da Serra, sou cidadão. Ver uma coisa dessas é um insulto a todos os 500 mil moradores. Precisamos de pessoas que amem a Serra e que tenham o real interesse em fazer a cidade mais justa e humana para os serranos. O foco precisa ser o povo. Ser prefeito da Serra não pode ser visto como uma aventura. É preciso conhecer o município e saber ser gestor, ter experiência e competência comprovadas. Essas características não se encaixam no perfil de um político que, até pouco tempo atrás, não sabia nem onde queria ser candidato.
Amaro é querido por parte da população, muito por conta de seu programa na TV. Você acha que isso é suficiente para fazer a população aceitar um pré-candidato que não mora na cidade?
Como alguém pode morar em Vila Velha e querer ser prefeito da Serra? Ele mora entre os ricos na Praia da Costa. Isso é a mesma coisa que elegermos um argentino para governar o Brasil. Já pensou o Maradona ser candidato a presidente do Brasil? É a mesma coisa que Amaro Neto na Serra. Nossa cidade é a mais populosa, é uma das maiores territorialmente falando. Tem demandas sociais imensas. Ter perfil gestor e morar aqui é uma condição moral para pensar em ser candidato a alguma coisa.
Na sua perspectiva, o que levou essa mudança de domicílio de Amaro?
Amaro, apesar de ser meio novo na política, tem as práticas mais velhas possíveis. Então, foi por conveniência eleitoral que ele mudou o domicílio eleitoral. Em Vitória ele estava desgastado, até porque lá tem propaganda na TV que ajudaria a desmascará-lo ainda mais. Aqui na Serra, como ele não conhece nossa cidade, ele acha que somos menos inteligentes. Ele subestima a capacidade de discernimento da nossa população. E sem TV, ele deve pensar – acredito eu, que nosso povo vai engolir essa falcatrua. Mas ele está enganado, viu?
Como assim falcatrua? É uma palavra muito forte…
É forte mas cabe bem nesse caso. Um cara que nunca fez absolutamente nada para a vida pública da Serra, quer vir aqui e se vender como solução? Isso é estelionato eleitoral. Na verdade, eu acho que é até mais do que isso. Amaro é uma ameaça para a população. A Serra não é um circo. Temos 100 mil pessoas na linha da pobreza. Temos uma rede municipal de quase 70 mil alunos. Temos uma rede de saúde que faz 3 milhões de atendimentos por ano. Temos as principais indústrias do Estado. Isso tudo não é brincadeira para palhaço sambar.
Você faz críticas muito fortes. Já podemos esperar Vandinho versus Amaro na eleição?
Não faço críticas olhando eleição. Faço como cidadão, que mora aqui, que cria minha família aqui. A eleição eu vou tratar quando o calendário eleitoral permitir. Vou ouvir a população, e se eles quiserem, eu venho. Por isso, ser candidato ou não é uma decisão do eleitor, e não minha. Mas isso não me impede de defender a minha cidade contra essa ameaça. Se a Serra não tiver gestão de qualidade vai morrer gente por falta de comida, de remédio, vão morrer nas filas das UPA’s, empresas vão falir, vai ter desemprego… então, administrar a Serra vai muito além de fazer palhaçada na TV.
Você parece ser muito direto ao afirmar que Amaro é uma ameaça na Serra. Mas não seria o caso de dar uma oportunidade a novos nomes?
É claro que precisamos dar oportunidades a novos nomes. Tem 24 anos que Audifax e Vidigal dividem o poder na Serra. Todos nós suplicamos por renovação. Mas Amaro não é renovação. É falcatrua. Vou dar um exemplo: Será que ele sabe que apenas na estrutura da Saúde, a Serra tem 33 unidades de saúde e mais seis regionais? Três UPAs; uma unidade de saúde itinerante; 48 academias populares; um laboratório municipal de diagnósticos; uma farmácia central; três centros de atenção psicossocial; um centro odontológico…? Não é brincadeira. Se não tiver gestão, pessoas vão morrer. Como alguém sem experiencia de gestão, que não ama a Serra e que sequer não mora na cidade, pode liderar esse conjunto? Como prefeito, acho ele um bom palhaço de circo.
De qualquer forma, ele pode surpreender…
Isso é aposta no escuro. Se der errado, vamos falar o quê para os nossos 70 mil alunos, por exemplo? Desculpe, hoje não tem merenda…? São 135 unidades de educação, sendo 68 CMEIS (Centro Municipal de Educação Infantil) e 67 EMEF’s (Escola Municipal de Ensino Fundamental), 5,5 mil professores. Olha a importância de fazer gestão séria e responsável. Havia a expectativa dele surpreender quando foi deputado estadual. Não fez nada… Agora é federal, não fez nada de novo… Aliás, faz pior que nada. Ele vota com o centrão. Vota contra os interesses da população. Vota contra a condenação em segunda instância, por exemplo. Vou propor um desafio: venha debater a Serra comigo. Aposto que ele não conhece nem metade dos bairros da Serra. Se ele me surpreender, tal como você citou, eu abaixo o tom nas críticas.
Você chegou a ter alguma relação política com Amaro?
Meus contatos com Amaro Neto são recentes, e aos poucos percebi que estava lidando com a velha política do centrão, que só pensa em jogadas políticas, fundo eleitoral e verbas de publicidade. E fui me afastando. Para exemplificar, no meio de uma pandemia do coronavírus, o cara está aí fazendo política. O que ele propôs para combater o corona e diminuir o impactos na economia? Eu não vi nada. No primeiro momento eu propus um pacote de medidas ao Governo do ES e que muitas foram atendidas.
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