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Comunidade faz abaixo assinado contra escavação do TIMS em sítio histórico de 400 anos

O corte do talude com as ruínas do casarão ao fundo. No detalhe a Igreja de São João de Carapina, que está a cerca de 400 metros do corte. Fotos: Bruno Lyra / 11 – 03 – 21

Retomada após ter sido embargada em 2019, a escavação que o Terminal Industrial Multimodal da Serra (TIMS) está fazendo no entorno do igreja de São João de Carapina segue gerando polêmica e está mobilizando a comunidade pela preservação do sítio histórico jesuítico/indígena do século XVI. Preocupados com os impactos do avanço do TIMS sobre a área – a escavação já está a menos de 100 metros das ruínas do casarão e a cerca de 400 m da igreja – moradores criaram um abaixo assinado virtual (Acesse aqui).

O abaixo assinado pede que o presidente da Câmara de Vereadores, Rodrigo Caldeira (PRTB), que é da comunidade de Carapina, use seu mandato para tentar impedir o prosseguimento da escavação. Criado por Irineu Cruzeiro Neto, o abaixo assinado já contava com mais de 450 assinaturas no momento da publicação desta matéria.

Depois de embargar a escavação em 2019 e multar o TIMS por falta de licença ambiental e gerar danos ao patrimônio histórico, a Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semma) acabou liberando em 2021. O argumento foi o de que tanto o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico (Iphan) quanto o Conselho Estadual de Cultura – este responsável pelo tombamento da igreja – deram aval, o que atestaria a inexistência de riscos ao sítio histórico.

No entanto parte das ruínas do casarão desabaram em março, após a retomada das escavações. Não se sabe se foi em função disso. A Igreja de São João de Carapina foi construída por índios sob a liderança do jesuíta Braz Lourenço em 1584. Braz é considerado o fundador da Serra. E poucos anos antes, seu contemporâneo São José de Anchieta, o Padre Anchieta, realizou um milagre no terreno onde está construída a igreja, fazendo uma criança muda falar. O milagre consta no processo de canonização de Anchieta concluído pelo Vaticano em 2014.

Tempo Novo entrou em contato com o vereador Rodrigo Caldeira para comentar o pedido feito em forma de abaixo assinado pela comunidade. Caso ele se manifeste atualizaremos essa reportagem.

A reportagem não conseguiu falar, até o momento desta publicação, com a empresa responsável pelo TIMS, a AGTI Empreendimentos. Caso consiga e ela se manifeste, terá seu posicionamento expresso aqui.

Mutirão

Apesar de antiga, a Igreja seguiu até pouco tempo de portas abertas, recebendo missas, casamentos e batizados. Mas as portas foram fechadas no início da pandemia e, de lá para cá, ficaram evidentes os problemas da falta de manutenção.

No calor da repercussão da escavação do TIMS a comunidade também resolveu se mobilizar para dar manutenção no espaço. Com a ajuda da Secretaria Municipal de Turismo, Cultura, Esporte e Lazer (Setur), fez no último final de semana mutirão de limpeza no local.

A ação foi publicada ontem (11) na conta do Facebook do secretário e vice-prefeito Thiago Carreiro, que também participou do mutirão.

“Nos deparamos com uma cena muito triste, um patrimônio Jesuítico tão lindo e tão rico, abandonado, desprezando o potencial turístico e cultural. Nós da Setur nos unimos à comunidade de Carapina e André Carloni para preservar nosso patrimônio (…) Por fim, declaro que estamos acompanhando de perto e junto ao Iphan as movimentações de terraplanagem a 400 m da Igreja de São João Batista de Carapina”, escreveu o vice – prefeito na rede social.

A Igreja de São João Batista de Carapina foi construída por índios e jesuítas e ficou pronta em 1584. Foto: Bruno Lyra / 11 – 03 – 21

 

Chefe da Divisão de Patrimônio Histórico da Setur, José Fernando Pereira, acrescentou que a Prefeitura também substituirá a instalação elétritica da Igreja. “A comunidade abraçou a Igreja e estamos dando o suporte para a manutenção dela”, frisa.

CPI vai investigar concessão à Terminal

Além de escavar área de sítio histórico, o TIMS está envolvido em outra polêmica: a ausência de pagamento da concessão do espaço que usa às margens da Rodovia do Contorno de Vitória (BR 101).

Entrada do Tims: terreno concedido pelo Município à AGTI tem 2,4 milhões de m², dos quais a empresa constrói galpões e aluga para terceiros, sem pagar nada ao município.

O Terminal funciona em regime de concessão numa área pública municipal de 2,4 milhões de m2 desapropriada em 1993 na gestão do ex-prefeito João Batista Motta. E não teria feito o pagamento dessa concessão ao município. A dívida pode já estar em R$ 25 milhões, segundo apontou levantamento exclusivo feito Tempo Novo.

A situação vai ser investigada por CPI instalada no última segunda-feira (10) na Câmara de Vereadores.

Redação Jornal Tempo Novo

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