Gabriel Almeida
Vinte oito reais e oitenta centavos. Esse é o valor que os comerciantes de Santiago da Serra e da comunidade de Timbuí em Fundão, bairros que ficam após a praça de pedágio da Eco-101, gastam para ir e voltar da Serra e de Vitória, para onde precisam se deslocar três vezes por semana.
Nas comunidades, que antes já se sentiam prejudicadas com a implantação do pedágio perto de casa, a insatisfação está ainda maior após o anúncio da concessionária de que não irá duplicar toda a BR e nem cumprirá os prazos do contrato inicial. Inclusive o trecho que passa em frente aos dois bairros já deveria ter sido entregue duplicado em maio último.
Os populares afirmam que a Eco-101 não está mais concedendo isenção do pedágio para os moradores que precisam ir diariamente ou semanalmente para Serra ou para a capital. É o que afirma o morador e comerciante de Timbuí, Luciano Nunes. “Vou a Serra três vezes por semana e gasto quase trinta reais. Não consigo descontar esse valor na mercadoria comprada e fico no prejuízo”, reclama.
Outro morador que também sofre com o pedágio é o Devair Sleger, comerciante de Santiago, que também compra mercadorias na Serra-Sede. “Antes do pedágio, eu ia duas vezes por semana a Serra ou Vitória. Mas agora tento ir o mínimo possível para economizar”, conta.
Também de Santiago da Serra, Devair Sleger, está indignado com a postura da Eco 101. “Pagamos um pedágio tão caro para não termos melhorias?”, indaga.
Após anunciar que não irá mais duplicar a BR, a Eco 101 apresentou nova proposta para Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). O jornal A Gazeta noticiou que essa proposta prevê a duplicação de apenas 21 km e implantação de terceiras faixas noutros 57,5km até 2041, com as obras começando só em 2021.
Mas, no final da tarde de ontem (24) a assessoria de imprensa da empresa disse que a proposta é duplicar 91,7 km, implantar outros cinco contornos de centros urbanos (São Mateus, Linhares, Ibiraçu, Fundão e Rio Novo do Sul), o que representaria mais 70 km, além de fazer terceira faixa em 57,4 km. E que pode duplicar mais trechos onde o fluxo crescer.
Empresa diz que não é obrigada a dar isenção
Através da assessoria de imprensa, a Eco 101 disse que a isenção de pedágio para a comunidade não é uma obrigação contratual. Informou também que concede o que chama de “passagem diferenciada” como“iniciativa da empresa, que entende a necessidade de alguns moradores no entorno das praçase concede o benefício para aqueles que preenchem a todos os requisitos exigidos pela concessionária”.
De maio de 2014 – início da cobrança do pedágio – até maio de 2016, a Eco arrecadou cerca de R$ 510 milhões. E até o último reajuste em maio de 2017, a tarifa já havia aumentado cerca de 40% nas sete praças de cobrança. Por sua vez, a concessionária diz já ter investido $ 890 milhões em obras e serviços na rodovia.