Bruno Lyra
A obra do condomínio Morada de Camburi, que embora tenha esse nome fica no bairro Morada de Laranjeiras, na Serra, está avançando sobre remanescentes de mata Atlântica na região. O condomínio é de responsabilidade da construtora mineira MRV.
A denúncia é de um morador vizinho, que enviou imagens da agressão para o Tempo Novo. Sob a condição do anonimato, esse morador questionou os limites do condomínio. “É estranho eles estarem avançando essa obra da área de lazer do condomínio sobre área de preservação. A fiscalização do meio ambiente tem que olhar isso e tomar providência”, cobra.
A área verde em questão é formada por remanescentes de mata Atlântica que protegem fundos de vale onde há nascentes e brejos que alimentam a lagoa Maringá, na região próxima ao Ifes Campus Serra. Da lagoa, desce o córrego que deságua na praia de Manguinhos.
Para a Prefeitura da Serra a obra está ok. Através da assessoria de imprensa a Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semma) se resumiu a informar que o empreendimento possui licença prévia e de instalação.
Em nota a MRV diz que tem as licenças ambientais e que ruas separam a área de preservação das obras do condomínio.
Porém, as imagens mostram talude da obra invadindo a mata.
Histórico ruim
Na Serra desde a década passada, a MRV tem histórico de problemas ambientais na cidade. Um dos condomínios dela, em Jacaraípe, foi erguido sobre área de nascentes em 2009. Outro, localizado em Jardim Limoeiro, acabou recebendo três multas que totalizam R$ 775 mil por lançar esgoto com tratamento precário no córrego Laranjeiras entre os anos de 2015 e 2017. Partes dessas multas foram convertidas por serviços de jardinagem pela própria Prefeitura.
A construtora também foi responsável por deteriorar o casarão de Balneário Carapebus, emblemático imóvel que teria sido erguido por um suposto simpatizante do nazismo décadas atrás, que colocou túneis e passagens secretas entre seus mais de 40 quartos.