Categories: Meio Ambiente

Construtora doa patrimônio milionário a ong

O Instituto Goiamum faz campanha no Facebook para arrecadar R$ 18 mil necessários a despesas de transferência do imóvel

O imóvel está avaliado em R$ 1,3 milhão. O custo da restauração é estimado em R$ 3 milhões (Foto: Divulgação/Instituto Goiamum)

Por Clarice Poltronieri

 

Após anos de luta pela preservação do Casarão de Balneário Carapebus na Serra, surge uma luz no fim do túnel. O imóvel será doado pela construtora MRV ao Institituto Goiamum, dirigido pelo ambientalista Iberê Sassi, que pretende criar no local a sede da Área de Proteção Ambiental (Apa) de Praia Mole e um espaço cultural.

Iberê disse que o imóvel está avaliado em cerca de R$ 1,3 milhão e que serão necessários cerca de R$ 3 milhões para a sua completa restauração, já que a remoção do telhado e a ação de vândalos deterioram a construção.
“A minuta da doação já está no cartório para utilização pública.

Contudo, precisamos de cerca de R$ 18 mil para realizar a transferência do cartório de Fundão, onde o imóvel foi registrado, para a nossa instituição. Por enquanto, temos uma campanha no Facebook e busco amigos e empresários para ajudarem na doação. Já conseguimos isenção de impostos, mas o cartório não abre mão desse pagamento. Enquanto não transferirmos o Casarão, nada poderá ser feito.”, diz Iberê.
Ele acrescenta que por ser uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip), o Instituto Goiamum não poderá vender ou usar o imóvel em benefício próprio. Iberê garante que, caso haja dissolução do Instituto, o imóvel será repassado a uma instituição de mesma natureza dele ou ao governo (municipal, estadual ou federal).

 

Planos

Segundo Iberê a proposta do Instituto é reformar parte do casarão em novembro, onde será abrigada a sede administrativa da Área de Proteção Ambiental (APA) de Praia Mole. A obra está orçada em R$ 147 mil.

“Somente após a instalação dessa sede é que o restante do Casarão será restaurado, onde ele pretende implantar projetos para atender à comunidade local com salas de reuniões, de música, cinema, biblioteca, e espaço de apoio para a Polícia Ambiental”, enumera.

Ativistas defendem participação da comunidade

O diretor cultural do Instituto Goiamum, Adson Lima, disse que foi um dos responsáveis em por a entidade à frente desse processo. “Estou contente por essa vitória. Nosso compromisso não deve ser apenas com a restauração do Casarão, mas também com a sociedade do entorno”, lembra.
Já a presidente comunitária do Setor Ásia, de Cidade Continental, Maria Aparecida Ferreira, comemora o que considera uma vitória do movimento pró-Casarão. “A participação da comunidade foi fundamental nesse processo. Esperamos agora que possamos continuar a participar no processo de tomada de decisões no que diz respeito ao uso do imóvel”, observa.

Hitórias, lendas e mistérios

Iberê Sassi está a frente do Instituto Goiamum (Foto: reprodução Facebook)

Localizado entre as matas que cercam as cabeceiras da lagoa de Carapebus, o Casarão tem uma história cercada de mistérios. Uma das lendas é de que o responsável pela construção, datada da década de 1950, seria um homem obcecado por segurança a simpatizante do nazismo.

Essa lenda narrada por moradores da região fala até que o local teria sido usado como esconderijo de nazistas fugidos da Alemanha após a derrota na 2ª Guerra Mundial.
O fato é que a construção possui arquitetura alemã. O imóvel tem 54 cômodos interligados e distribuídos em quatro pavimentos, elevador com saída para dois ambientes, túneis, pisos falsos e outras particularidades. Moradores da região também falam que o local seria mal assombrado.
Quando a construtora MRV comprou a área dos antigos donos para a instalação de um condomínio no local, ativistas de entidades ambientais do entorno se mobilizaram pela preservação do imóvel. Conseguiram que o Plano Diretor do Município incluísse a área do Casarão como de interesse histórico, que culminou com decisão da MRV em doá-lo ao Goiamum e fazer o condomínio nos terrenos vizinhos.

Gabriel Almeida

Jornalista do Tempo Novo há mais de oito anos, Gabriel Almeida escreve para diversas editorias do jornal. Além disso, assina duas importantes colunas: o Serra Empregos, destinado a divulgação de oportunidades; e o Pronto, Flagrei, que mostra o cotidiano da Serra através das lentes do morador.

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