Essa semana cientistas da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) confirmaram a presença do coronavírus nos esgotos do estado do Rio de Janeiro. A descoberta aumenta a preocupação com a propagação da doença, especialmente em cidades com sistemas de tratamento de esgoto deficitária, que é o caso da Serra. Já a Cesan ainda não se pronunciou sobre a possibilidade do Covid-19 estar sendo transmitido pelo esgoto e nem quais ações poderá tomar.
O vírus Sars-CoV-2 foi detectado em esgoto de Niterói. As informações foram publicadas pelo Jornal Extra. “A análise do esgoto pode ser usada como instrumento para monitorar o nível de contaminação da população. Se o material genético do vírus é detectável, é sinal de que existe uma contaminação expressiva na população. O vírus é excretado nas fezes dos infectados” explicou Marize Pereira Miagostovich, chefe do Laboratório de Virologia Comparada e Ambiental do IOC/Fiocruz e uma das autoras da pesquisa.
Ainda de acordo com o jornal carioca, já se sabia que o coronavírus pode estar presente nas fezes de alguns pacientes com Covid-19, mas não se sabe o potencial infeccioso desses vírus nos excrementos. Estudos de pesquisadores chineses e alemães já haviam detectado o vírus nas fezes. E em março cientistas holandeses alertaram na revista Lancet sobre o risco de contaminação e o uso do monitoramento do esgoto para o controle da pandemia.
Diante desse estudos, no início de abril o instituto INTC-ETES Sutentáveis emitiu nota técnica alertando que “considerando a situação sanitária do Brasil, em que apenas 46% do esgoto gerado no país são tratados, é que nos meses em que durar a pandemia poderemos estar despejando em nossos rios uma enorme carga viral”.
Como consequência, “poderá ocorrer o aumento da disseminação do vírus Sars-CoV-2 no ambiente e a infecção da parcela mais vulnerável da população, aquela que não tem acesso a uma adequada infraestrutura de saneamento básico”.
Aqui no ES o primeiro agente público que alertou para o risco de contaminação do vírus através do esgoto, foi o deputado Vandinho Leite (PSDB). “A Cesan e suas parceiras fazem um péssimo trabalho no tratamento de esgoto aqui na Serra, por isso, grande parte desse material está nos cursos hídricos”.
O parlamentar cobra da Cesan e do IEMA uma análise físico-química das principais bacias e micro-bacias hidrográficas nas cidades mais atingidas pelo vírus. “Precisamos que o Governo do ES dê um diagnóstico completo das nossas águas, para saber se o coronavírus está presente nos principais corpos hídricos da Serra e demais cidades com casos confirmados da doença. Quero que a Cesan apresente laudos sobre a possibilidade de contaminação por fezes do Covid-19 nos corpos hídricos”, disse.
Vandinho defende que se a contaminação também está vindo por meio do sistema de esgotamento sanitário, será preciso “mudar a forma de combater a pandemia, já que é comum valões de esgoto correndo dentro de bairros”, explicou.
A Cesan foi procurada para se pronunciar a respeito das recentes pesquisas que indicam o esgoto como fonte de contaminação, mas como de costume não respondeu a demanda.
Serra lidera número de mortos por Covid-19 no ES
Desde o dia 2 de abril – quando ocorreu a primeira morte por coronavírus no Espírito Santo – até a manhã desta quarta-feira (29), a Serra já registrou 30 óbitos causados pela Covid-19. Com isso, a cidade se tornou a com mais mortes em todo o Espírito Santo. De acordo com os últimos dados divulgados pela Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), são 492 casos confirmados no município.
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