Por Bruno Lyra
Até o próximo dia 20 agosto. Essa é a previsão para a entrega do relatório final da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Pó Preto, que investiga responsabilidades e consequências da poluição do ar no ES, com ênfase na Grande Vitória. A CPI é tocada pela Assembleia Legislativa e na última terça (14) ouviu moradores da Serra, em Audiência Pública realizada na Associação de Moradores de Novo Horizonte.
Presidente da CPI, deputado Rafael Favatto (PEN), acredita que o resultado dessa vez vá ser diferente do que aconteceu com a CPI da Poluição na década de 1990, cujo relatório não gerou melhoria da qualidade do ar. “Naquela época, instituições como o Ministério Público eram fracas. Hoje são fortes. Junto com Governo do Estado, Assembleia e cobrança da população haverá convergência de objetivos para o bem maior, que é a redução da poluição”, defende.
O deputado Gilson Lopes (PR) é outro membro da CPI que esteve na audiência. Para ele, os principais responsáveis pela poluição são Vale e ArcelorMittal. “Nosso objetivo é verificar quais os índices de poluição, ouvir a apurar as reclamações das comunidades, dando amplo direito à defesa das siderúrgicas”, assevera.
Os moradores da Serra que estiveram na audiência, principalmente os que estão mais próximos ao Complexo de Tubarão (Vale e ArcelorMittal) reclamaram da poluição. “Moro desde 1996 no setor Ásia de Cidade Continental. De lá para cá a poluição só piorou. Minha neta tem problemas respiratórios e minha esposa sente dor nos ossos. Tem até mau cheiro das empresas”, disse Joel Batista.
“Trabalho na área industrial da Vale e Arcelor, sei como é aquilo. A gente sofre muito com o pó preto. À noite fica pior, acho que desligam equipamentos”, afirma o morador de Praia de Carapebus, Hemerson Fernandes.
Presidente da Associação de Moradores de Lagoa de Carapebus, Glória Torres, vive no bairro há 28 anos e disse que todas as seis pessoas que moram em sua casa tem problemas respiratórios. “Aumenta quando vira o vento sul”, observa.
Da Ong SOS ambiental, Gílson Mesquita, pediu investigação sobre aprovação do decreto estadual 3463 –R que, segundo ele, definiu limites de poeira a partir das médias mais elevadas e por isso está inadequado. Já a secretária de Meio Ambiente da Serra, Andréia Carvalho, pediu aos deputados que foquem o relatório final na poluição que vem das siderúrgicas, e não em outras fontes.