Por Bruno Lyra
Muito se fala sobre as causas da crise econômica no Brasil: má gestão do governo Dilma Roussef (PT); desaceleração da economia chinesa e consequente queda no preço das comodities; corrupção na Petrobrás agravada com desvalorização do petróleo. São fatores que, sem dúvida, corroboram para o cenário difícil da economia. Mas que ocultam outros fatores mais estruturais.
Um deles refere-se ao custo aos cofres públicos e das empresas privadas gerado pelas mudanças climáticas decorrentes do aquecimento global. Eventos como secas agudas e enchentes catastróficas ficaram mais frequentes e intensos.
Parte importante das regiões Sudeste, Centro Oeste e Nordeste do Brasil enfrenta, desde 2013, uma seca sem precedentes. Quantos produtores rurais, dos familiares e do agronegócio, não estão sendo afetados? Quantas indústrias tiveram que reduzir seu consumo de água, gastando alto em sistemas de gestão? Sem contar o impacto no custo da energia, já que nossa matriz hidráulica está sendo diretamente afetada, impelindo o sistema elétrico a ativar as termelétricas, notadamente mais caras.
E tem as enchentes. Quando elas vêm devastadoras, arrasam moradias, quase sempre dos mais pobres, erguidas em áreas de risco. Daí os governos têm que gastar com construção de habitações populares, aluguéis sociais, assistência a desabrigados. Fora os saques no FGTS, que desfalcam parte dos fundos de financiamento ao desenvolvimento econômico. Sem contar o preço da reconstrução de pontes, estradas e outras estruturas afetadas. É no mínimo ingenuidade achar que o fator mudanças climáticas pouco tem a ver com a crise brasileira.