Yuri Scardini
A história remonta a 2014, quando Neidia com sua ardente personalidade se insurgiu contra o Prefeito Audifax (Rede) e o então presidente, Guto Lorenzoni (PP), e se aliou a vereadores igualmente descontentes. Esse grupo peitou o prefeito. Resultado: Neidia se elegeu presidente numa chapa de oposição e assumiu o cargo em 1º de janeiro de 2015.
Influenciada pela eleição municipal de 2016, a Câmara se tornou um reflexo da disputa política entre Audifax e o deputado federal Sérgio Vidigal (PDT). A então presidente Neidia, aliada de Vidigal, impôs grande dificuldade à Audifax.
Transcorrido a eleição em novembro de 2016, Audifax se reelegeu e decidiu tomar a Câmara pra si. Para isso, teria que montar uma coalizão de vereadores capaz de fazer frente ao grupo de parlamentares de oposição. Neidia estava nesse grupo. Porém, em 1º de dezembro de 2017, encantada pelo poder, Neidia trairia o grupo, se elegendo presidente na chapa da base aliada do prefeito.
A situação interna da Câmara se agravou e foi tomando contornos insustentáveis. Foi então que uma onda de denuncismos tomou conta dos vereadores, promovendo uma guerra na Justiça. Até que em julho de 2017, Neidia cairia pela primeira vez, fruto de um processo que questionou sua reeleição a presidente. E 16 vereadores descontentes com ela, a contragosto do prefeito, elegeram rapidamente o vereador Rodrigo Caldeira para presidência.
Audifax, que é reconhecido por não aceitar insurgência, retaliou. Assumindo sua primeira negativa pública contra Caldeira. E na outra ponta, Neidia sob liminar, retornou ao comando da Casa.
Agigantou-se a crise interna, e um grupo de vereadores antes da base, se aliou nos bastidores com a isolada oposição. Caldeira estava nesse grupo.
Foi quando na semana passada, um duplo golpe judicial esmagou Neidia. A Justiça determinou seu afastamento por improbidade administrativa, e dois dias depois, um desembargador validaria a eleição de Rodrigo Caldeira. E novamente, uma Mesa Diretora desgostosa com Audifax volta a assumir o controle da Casa.
Virão novos capítulos dessa perversa odisseia, mas que um fio de sensatez tome conta dos vereadores e resgatem a Câmara desse afogamento de instabilidade política e jurídica. A Câmara precisa com urgência encontrar seu rumo. É uma obrigação dos 23 vereadores que foram escolhidos para representar mais de 500 mil pessoas. Tais parlamentares se tornaram protagonistas de um processo político irresponsável e que fez a Câmara virar as costas para o povo, se resumindo a debater apenas para si mesmo.