Yuri Scardini
Com histórico de 32 anos na Educação, Márcia Lamas se vê em desafios à frente da Secretaria de Educação (Sedu) em meio à crise econômica e cortes nos orçamentos federais aliado ao contexto de mudanças tecnológicas. Nessa entrevista Márcia defende o uso de smartphone nas escolas, diz que professores terão que se adaptar as novas tecnologias e detalha os números de uma das maiores redes de ensino no ES.
Qual é o calendário de rematrícula?
Para crianças de 4 e 5 anos será de 27/11 a 1/12. E para crianças de 1, 2 e 3 anos, de 4/12 a 15/12. As matrículas do ensino fundamental começam a partir do dia 23 de janeiro, mas já começamos a realizar as rematrículas, no mês de novembro.
Como é em números a Educação na Serra?
Temos 65.757 alunos em 135 unidades: 68 CMEIS (Centro Municipal de Educação Infantil) e 67 EMEF’s (Escola Municipal de Ensino Fundamental), 6.544 servidores, sendo 5.245 professores. A folha é em torno de R$ R$ 264.400 milhões/ano. Para 2018 a Sedu vai ter R$ 384.433 milhões.
Há novas unidades?
Vamos entregar no início do ano três CMEI’s, em Porto Canoa, Jardim Carapina e José de Anchieta II, que vão gerar 900 novas vagas de educação infantil.
Como é a estrutura de segurança?
Temos 47 escolas com guardas. São escolas que têm noturno e/ou localizadas nos bairros com maior vulnerabilidade. Em 2018 vamos colocar alarme monitorado. Em São Diogo e Novo Horizonte viaturas da Guarda Municipal estão interagindo com as escolas e vamos ampliar para outros bairros, não tivemos mais casos de assaltos na porta das escolas.
Qual é o déficit de vagas no ensino fundamental, infantil e o índice de evasão escolar?
Zeramos o problema da evasão escolar, o desafio é elevar a qualidade. Trabalhamos com cadastro de reserva, déficit de vagas no ensino fundamental não existe. Na educação infantil ampliamos a oferta de 1 a 3 anos.
A crise fez aumentar a demanda sobre a rede pública?
Sim. A procura vinda da escola particular é muito grande.
Um dos programas da Sedu é o Educação em Valores Humanos. Como funciona?
Acontece em 23 unidades. Em 2018 serão 40. Tentamos resgatar valores que se perderam com a desestruturação das famílias, valorizando o diálogo. O mote é fazer com que a família venha para dentro das escolas. Promovemos a meditação, oficinas de música, hortas comunitárias, conscientização sobre a violência doméstica. Destaco também a implementação do emocionômetro. A criança chegar à escola e coloca no mural o sentimento que está naquele dia. Se colocar “triste”, ou “ansiosa”, tanto o professor e pedagogo vão trabalhar com a criança o motivo daquele sentimento.
E geração de crianças com microcefalia pós zika vírus. O município está se preparando para elas?
Sabemos que 2018 é o tempo de começarmos a receber as crianças com microcefalia. Vamos implantar a educação especial. São deficiências visual, auditiva, intelectual e altas habilidades (superdotados), e crianças com microcefalia estão inclusos nesses grupos. Estamos criando o cargo de cuidador para crianças com deficiência, estamos aguardando Câmara aprovar, são 150 cargos.
Como estão os trabalhos no EJA (Educação de Jovens e Adultos)?
São 2.387 alunos, com 16 anos e acima. Vamos revitalizar o EJA, de forma que atenda melhor ao aluno.
O Governo Federal vem cumprindo o que foi pactuado de convênios?
Dos repasses federais, o nosso custo aluno anual dos CMEIS é de R$ 5.105,47. O Governo federal repassa R$ 2.289,57. Pouco menos da metade. Das EMEF’s o custo aluno é de R$ 5.119,81, e o MEC passa R$ 2.545,37. Então a necessidade do dinheiro federal é muito grande, e temos visto mais dificuldade sim. No ano passado tivemos R$ 23 milhões de convênios; este ano vai cair para R$ 8 milhões.
Há cortes da União também na assistência social. A Serra tem 100 mil habitantes na linha da pobreza. Isso rebate na educação?
Refleti também. Temos que atender alunos com mais necessidades básicas. A insegurança das crianças reflete no emocional e consequentemente dentro da escola.
Como anda a escola com a popularização da internet?
A internet veio para melhorar a vida das pessoas, agilizar os processos. O aluno tem muita facilidade para fazer pesquisa e sabe em tempo real o que está acontecendo, tem mais facilidade para fazer as pesquisas e para se desenvolver melhor. Defendo o uso do aparato tecnológico assistido pela escola e pela família.
Qual é o futuro do professor neste contexto de tecnologia?
Temos trabalhado muito na formação dos professores; Assim como para o aluno, o professor pode usar essa ferramenta de trabalho é importante; o professor precisa estar conectado com o mundo, modernidade e transferir isso para a aprendizagem do aluno