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Degradação ameaça animais silvestres na Serra

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Na região do Mestre Álvaro, um dos animais mais comuns de se encontrar é o tamanduá mirim. Foto: Junior Nass

Ana Paula Bonelli

Tamanduá, macaco, bicho-preguiça, cobras e inúmeras espécies de pássaros. Esses animais ainda podem ser vistos nas Áreas de Preservação Permanentes (App’s) da Serra, pelo menos é o que afirmam ativistas e ambientalistas da cidade.

Junior Nass, diretor da ong Amigos do Mestre Álvaro conta que na Área de Preservação Ambiental (Apa) Mestre Álvaro e nos Alagados os mais comuns de se encontrar são o tamanduá mirim, capivara, lontra, macaco prego, cachorro do mato e cerca de 200 espécies de pássaros. “Os animais que estão sumidos são as iraras e os macacos bugio, este último pelo fato da febre amarela. As iraras já tem 2 anos que ninguém ver”, destaca Junior.

Cachorro do mato morto por conta de atropelamento. Foto: Junior Nass

Entre outras atividades a ong é responsável pelo monitoramento da vida de animais silvestres na região do monte. Nass também costuma andar pelos arredores da lagoa Jacuném. “Lá temos registro de jacaré, lontra, capivara e muitos pássaros”, conta o ambientalista que acompanha a vida silvestre na Serra há cinco anos.

Outro que dedica boa parte de seu tempo para ajudar a manter a fauna da Serra é Claudiney Rocha, presidente do Ibraff (Instituto Brasileiro de Fauna e Flora). Ele conta que o município tem diversos biomas, como restinga, alagados, rios, lagoas, mangues, mata atlântica e mata de paludosa (fechada e virgem). “Temos uma grande diversidade de fauna, de diversos gêneros como quelônios, primatas, felinos, aves, répteis e anfíbios. Espécies como a tartaruga marinha, o macaco bugio, a jaguatirica, lontra, raposas, bicho-preguiça, jacaré, serpentes como jiboia, jararacas e coral, além das garças, beija-flor, gaviões, papagaios e periquitos fazem parte desse ecossistema. Temos também sempre a visita das espécies de rota migratória como o elefante marinho Fred, leões marinhos, pinguins e falcão-peregrino”, relata.

Tartaruga morta no litoral da Serra: desova diminuiu drasticamente. Foto: Ibraff/Claudiney Rocha

Claudiney destaca que a destruição dos habitats, como o desmatamento, queimadas, ocupação desordenada, caça e pesca predatória tem colocado em extinção algumas espécies. “Um exemplo são as tartarugas marinhas que todos os anos desovam em nosso litoral. Em 2001/2002/2003/2004 tinha cerca de 85 desovas de tartarugas em nosso litoral e no decorrer dos anos vem caindo drasticamente.

Outro exemplo é o bugio, a jaguatirica, o bicho-preguiça, o cachorro do mato que dependem das matas para garantir a sua sobrevivência e reprodução”.

O ativista Hilton Monteiro que também vira e volta está na Serra apreciando suas belezas naturais, já fez diversos flagrantes de animais em seu habitat natural. “Noto que cada vez mais a população se sensibiliza e passa a proteger os animais silvestres não molestando e deixando os passarinhos livres. Sempre que chego nos lugares as pessoas fazem questão de me mostrar fotos de animais silvestres que fizeram, é motivo de muito orgulho para elas. A Polícia Ambiental também faz um excelente trabalho”, conta o fotógrafo.

Lontra na lagoa Jacuném. Foto: Hilton Monteiro

Para Hilton o grande problema ainda é a degradação dos habitats dos animais que são devastados para fins comerciais. “Em outubro de 2016 fotografei duas lontras na região alagada do Mestre Álvaro, depois nunca mais foram vistas, havia um bando muito grande de irerês que também ficavam ali e não voltaram mais. Recentemente o colega Mario Candeias do Clube de Observadores de Aves do Espírito Santo fotografou uma perdiz, em outros tempos, ela seria caçada e hoje existe uma consciência ambiental da população em geral”.

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