Até o final desse ano, o Governo do Estado pretende criar a Fundação de Saúde, que será uma nova estatal para fazer a gestão de 16 hospitais públicos. Na Serra, está incluso o Dório Silva. Já sobre o Jayme Santos Neves ainda pairam incertezas. O deputado Vandinho Leite (PSDB), crítico da proposta, aponta para a “ineficiência” da medida e diz que a “mudança vai piorar” a oferta de saúde pública, “especialmente no Jayme”, que embora seja referência em várias áreas, é um dos hospitais com menor custo-paciente no ES.
Desde sua fundação em 2013, o Jayme é gerenciado por uma Organização Social (OS). Na prática, é uma instituição privada contratada por meio de licitação e com repasse fixo de recursos públicos. No primeiro momento, o Governo disse que não vai interferir na gestão dos hospitais que estão sob a modelagem de OS, no entanto Vandinho desacredita: “é uma questão de tempo”, disse.
“Essa insistência do Governo em criar estatais vai gerar mais incertezas e ineficiência. A gente sabe no que vai se transformar, em cabide de emprego para um monte de gente sem currículo técnico, que vão ganhar uma ‘boquinha’ por puro interesse político. É o início do desmonte do Jayme”, disparou Vandinho.
Ele lembra, que em 2013, ao inaugurar o Jayme, o governador Renato Casagrande (2011-2014) defendia o formato de OS’s. “O que mudou de lá pra cá? Antes era bom e agora é ruim? O Jayme é o exemplo mais tangível de que administrar uma instituição sem os vícios das estatais geram resultados positivos”, disse o deputado.
Em uma das reportagens publicadas no site do Governo capixaba em 2013, Casagrande dizia que “a gestão por Organização Social permite mais agilidade e eficiência nos serviços prestados, deixando para trás os entraves burocráticos” e acrescentava que o “Estado separa atribuições, delegando o papel de executor de serviços para poder se concentrar na função de regulador“.
Vandinho compara os custos anuais do Dório Silva – que tem gestão 100% público, com o Jayme: “Estamos levantando os números atuais, mas posso adiantar os de 2016, que explicitam bem a diferença entre ambas as instituições. O Jayme tinha orçamento de R$ 168 milhões e o Dório de R$ 110 milhões, porém o Jayme fez quase 15 mil internações, enquanto o Dório fez 5 mil. São 300% mais internações, porém com um orçamento de apenas 60% maior”.
Vandinho também elenca o custo de internação, que segundo ele é mais baixo no Jayme, apesar do hospital ser mais bem equipado. “O leito de internação, por exemplo, tinha custo de R$ 1.255 no Jayme, enquanto no Dório era de R$ 1.570, porém alguém tem dúvida sobre a qualidade de estrutura se comparada aos dois hospitais?”, questiona.
Durante o lançamento do Planejamento Estratégico 2019-2022 do Governo, o secretário de Saúde, Nésio Fernandes, defendeu o modelo de estatal para gerir os hospitais. De acordo com ele “existem experiências muito interessantes” nesse sentido no Brasil e afirmou que a criação da estatal é uma medida “moderna e contemporânea”.
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