A possibilidade de disseminação do novo coronavírus através do esgoto, apontada por estudos em vários países, é motivo de preocupação no Espírito Santo. Tanto que o presidente da Comissão de Saúde e Saneamento da Assembléia Legislativa, Dr. Hércules Silveira (MDB), protocolou nesta quinta-feira(21) indicação para que a Assembleia Legislativa peça ao Governo do Estado que monitorem a presença do patógeno nos efluentes domésticos, tratados ou não.
“Sou de Vila Velha, uma cidade que quando chove o esgoto transborda, invadindo ruas, praças, gramados. É muito importante que se monitore a presença do coronavírus no esgoto, pois quando as águas abaixam fica aquela lama, que já é perigosa por conter outros patógenos, como os vermes. Por isso a Comissão de Saúde, que também é composta por outro médico, o deputado Dr Emilio Mameri (PSDB), irá mandar indicação à Sesa e à Cesan para que façam o monitoramento”, frisa Dr. Hércules.
O deputado canela verde acrescenta que, embora seja um problema mais grave em sua cidade, as enchentes com águas de esgoto também atingem parte da população da Serra, Cariacica e Vitória, além de outros municípios capixabas.
“No Brasil, menos de 50% da população tem o esgoto é tratado e esse índice não é muito diferente no Espírito Santo. Agora com essa possibilidade de disseminação do coronavírus, é ainda mais importante que as Prefeituras e a Cesan façam que moradores que já tem rede disponível efetuem a ligação de seus imóveis”, acrescenta.
Estudos
Os primeiros estudos que apontaram presença de coronavírus no esgoto surgiram ainda em janeiro, na China e em Cingapura. Posteriormente, pesquisa semelhante encontrou o vírus em Estação de Tratamento de Esgoto na Holanda. Na Escócia, a Universidade de Stirling, publicou estudo agora em maio que encontrou o Sars-Cov 2 nas fezes de paciente que tinha tido exame positivado 11 dias antes.
A mesma pesquisa da instituição escocesa encontrou o vírus nas fezes de outro paciente 33 dias depois que o exame já havia dado negativo para a doença. No Rio de Janeiro, no último dia 15, Fiocruz, Cedea (Companhia de saneamento local), Secretaria Estadual de Saúde e UFRJ anunciaram força tarefa para monitorar a presença do novo coronavírus no esgoto daquele estado. Apesar das preocupações, ainda não há comprovação científica da transmissão do vírus pelo esgoto e o assunto segue tema de investigação.
Serra já está de olho
Na Serra, o tema já desperta preocupação das autoridades. A Prefeitura diz já ter pedido à Cesan que faça controle do tratamento de água e esgoto objetivando também evitar a disseminação do vírus. E a Câmara da Serra, através do presidente da Comissão de Meio Ambiente, Adriano Galinhão (PSD), prometeu apresentar projeto indicativo determinando a Cesan e a Ambiental Serra a fazerem monitoramento do esgoto que gerem. O projeto pede também que os resultados sejam acompanhados por autoridades estaduais e municipais.
O outro lado
A Cesan ainda não se posicionou sobre o tema. A reportagem também acionou a Sesa, que, de mesma forma, ainda não deu retorno.
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