Por Ayanne Karolyne e Bruno Lyra
O rompimento das duas barragens da mineradora Samarco / Vale / BHP Billiton em Mariana – MG está trazendo muito mais do que a lama de rejeitos com seu rastro de morte e destruição ambiental para o Espírito Santo. Impactos na economia surgem a cada dia e diversas atividades empresariais estão sofrendo com os efeitos, inclusive na Serra.
Uma delas é a transportadora Martins, que presta serviço para Samarco. É que a paralisação das atividades da mineradora, inclusive no complexo industrial e no porto de Ubu em Anchieta, litoral sul do ES, deixou a filial da transportadora na Serra em situação difícil.
Essa filial é responsável, há quatro anos, pelo transporte de carga geral fracionada da Samarco para Anchieta, como peças, máquinas e equipamentos de baixo volume e peso. Segundo o presidente da Martins, Ulisses Martins Cruz, as operações já fá foram suspensas e empresa deixa de ganhar cerca de R$ 1 milhão por mês.
“Temos outros contratos, mas vemos uma perda de um contrato importante. É algo que temos que entender e aguardar a solução dos problemas para retomar a prestação de serviços”, disse Cruz.
Já assessoria de Vale, uma das controladoras da Samarco, disse que o acidente não afeta o volume de minério transportados na ferrovia Vitória Minas nem a produção no complexo industrial de Tubarão, entre Serra e Vitória.
Mas a fábrica de celulose da Cenibra, localizada em Belo Horiente – MG, está parada porque não consegue captar água do rio Doce. E por isso, deixou de usar a ferrovia e o Portocel em Aracruz para fazer suas exportações. Por causa dessa paralisação, outra empresa também sai no prejuízo, a VLI Logística, que faz o transporte de toda essa celulose. A VLI é controlada pela Vale, Mitsui, FI-FGTS, e Brookfield.
Outra fábrica de Celulose também pode ser afetada. A Fíbria, que fica em Aracruz. A empresa usa água do rio Doce, através do Canal Caboclo Bernardo. A assessoria de imprensa da Fíbria disse que o canal será fechado seguindo recomendação Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE) de Aracruz e da Agência Nacional de Águas (ANA). A Fíbria disse que não irá paralisar a produção, porque tem alternativas para suprir a fábrica. Só não revelou quais são.
Ações da Vale acumulam queda de 13%
Uma das controladoras da Samarco ao lado da australiana BHP Billiton, a Vale já sente os efeitos do desastre de Mariana. De acordo com o site de Infomoney, até às 12h51 desta quinta-feira (12), as ações da mineradora recuaram pelo 7º pregão seguido, acumulando queda de 13%.
Só nas usinas de pelotização e porto de Ubu da Samarco em Anchieta, trabalham cerca de 3 mil pessoas. A paralisação das atividades no local já foi anunciada e o estoque de minério deve durar até este fim de semana. E a Samarco informou que os trabalhadores entrarão em licença remunerada até dezembro. A partir dessa data, estarão em férias coletivas até 4 de Janeiro.
Isso deve gerar colapso na economia dos municípios do litoral sul do Estado, principalmente em Anchieta. A previsão da Samarco é que entre 2014 e 2018 gerasse R$ 12 bilhões de impostos.