Por Yuri Scardini
Com o fim da janela da infidelidade partidária escancarou-se a disputa pelo Palácio Anchieta, que deve ser protagonizada pelo atual governador Paulo Hartung (MDB), o ex-governador Renato Casagrande (PSB) e a senadora Rose de Freitas (Podemos). E quem ganhar leva um mandato que vai gerir um orçamento de R$ 65 bilhões.
Mas e aqui na Serra? Qual será o peso do município e de suas lideranças nesse embate? Com 316 mil eleitores, a Serra representa cerca de 11% de todos os eleitores capixabas, num contexto de acirramento político, a cidade se torna ainda mais estratégica. Apesar desse tanto de gente, a eleição de 2016 mostrou que a cidade ainda é dividida entre o atual prefeito Audifax Barcelos (Rede) e o deputado federal Sérgio Vidigal (PDT). Estes serão os principais cabos eleitorais da maior cidade do ES.
No campo partidário, Vidigal leva a dianteira. O PDT é um dos maiores partido no ES, tem um vasto número de vereadores e cidades com certa expressividade, como Fundão, Piúma, Pancas e Iconha. Durante essa janela, o PDT filiou o deputado Marcelo Santos e o ex-prefeito de Colatina Leonardo Deptulski. O partido é de sustentação do governo Hartung, que inclusive tem como líder de governo da ALES, Rodrigo Coelho do PDT.
Casagrande vem tentando amarrar o PDT em seu palanque através dos diretórios nacionais, e nos bastidores, socialistas capixabas admitem que o PDT seria a meninas dos olhos de ouro de Casagrande. Portando, bem posicionado, Vidigal vem sendo disputado pelas principais lideranças nessa corrida e deve ter um passe bem valorizado no momento de articular as alianças.
Já Audifax em 2016 fez uma decisão partidária de risco. Foi para a Rede e desde então vem tentando construir um partido forte. A Serra é a espinha dorsal da Rede capixaba, e o prefeito seu regente. Audifax não esconde a preferência por Rose, e trabalha para compor com a senadora e indicar o vice da chapa. O prefeito, que vinha aparentemente isolado, pode ter encontrado um rumo nessa aliança com Rose, e no pior das hipóteses serão valorizadíssimos num arranjo de segundo turno.
Audifax e Vidigal não devem novamente protagonizar essa disputa, mas serão os coadjuvantes mais relevantes e decisivos do ES. Se separados são tão fortes, imagine juntos. Enquanto isso, a Serra segue contribuindo com muito e recebendo minguados retornos.