Bruno Lyra
Em quatro anos a destruição da mata Atlântica no Espírito Santo cresceu 1550%. No período de 2013-2014 foram desmatados 20 hectares. Já entre os anos de 2015 e 2016, a devastação saltou para 330 hectares, conforme estudo divulgado no início da semana pela ong SOS Mata Atlântica e pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).
O aumento pra lá de alarmante da floresta que já cobriu praticamente todo o território do Estado e hoje abrange cerca de 10% – um dos mais desmatados do Brasil – coincide com a pior seca já registrada na história do Espírito Santo, que desde 2014 vem recebendo chuvas abaixo da média. Situação que já gerou racionamento e até interrupção no sistema de abastecimento de água em várias regiões e cidades, incluindo as da Grande Vitória. Dentre elas, a Serra.
O estudo da ong apontou que só nos biênios 2014-2015 e 2015-2016, a perda da mata nativa dos capixabas cresceu 166%, seguindo o crescimento exponencial verificado no biênio anterior: entre 2013 – 2014 e 2014 – 2015 o salto foi de 20 hectares para 153 hectares. Cada hectare corresponde a aproximadamente um campo de futebol.
Além de desmatamentos clandestinos, houveram cortes autorizados pelo governo. Na Serra, uma área de floresta com 8,5 hectares entre a lagoa Juara e o rio Reis Magos foi desmatada e julho de 2016 com autorização do Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal (IDAF). Numa área de floresta sobre costão rochoso na famosa praia da Bacutia, em Guarapari, o mesmo Idaf autorizou corte raso com a anuência da prefeitura local em outubro. Este caso foi parar até na Justiça, que barrou a construção do condomínio.
O estudo do SOS Mata Atlântica e do INPE apontou que o Bioma perdeu mais de 29 mil hectares entre 2015 e 2016, o maior em 10 anos. Mesmo assim o aumento médio foi de 57%, bem inferior aos 1550% verificados no ES.
Governo do Estado questiona estudo
Por nota, Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Seama) questionou o estudo do SOS Mata Atlântica/Inpe. Disse que tem um levantamento mais detalhado sobre remanescentes de mata Atlântica, que apontam maior cobertura – 15,78% – do que o apontado no estudo – 10,5%. Afirmou que há muitas áreas em que a mata está se recuperando naturalmente em áreas de lavouras abandonadas.
Disse ainda que a informação do desmate de 300 hectares tem de ser avaliada com “cautela”, uma vez que “além de poder se tratar de supressão irregular (….), pode se tratar de supressão florestal autorizada”. E que quando isso ocorre, “a supressão sempre vem acompanhada pela obrigação da recuperação de área que pode ser semelhante ou o dobro da que foi autorizada”.
A nota afirma ainda que até o final de 2017 o governo do Estado terá investido R$ 24 milhões em seu programa de reflorestamento – o Reflorestar. Até agora o programa recuperou 11 mil hectares, segundo o Governo.
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