“De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça. De tanto ver agigantaremse os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimarse da virtude, a rirse da honra e a ter vergonha de ser honesto.” (Rui Barbosa)
“A única coisa que mete medo em político é o povo na rua” (Dr. Ulysses Guimarães)
“Como toda organização criminosa, havia uma divisão de tarefas e o sucesso do empreendimento dependia da conduta de todos” (Joaquim Barbosa)
É mesmo inevitável que ruas e praças componham o enredo que se anuncia. Na história recente do país, essa cena se repete. Foi assim no movimento “diretas já”, que inundou as grandes praças das cidades em 1984, e empurrou o regime militar para o seu fim, passadas duas décadas em estado de exceção democrática.
Aconteceu de novo e espetacularmente em 1992. O povo e a juventude carapintada tomaram as ruas e exigiram que o Congresso Nacional impedisse a sanha da Casa da Dinda, acabando por destituir o presidente Collor do poder.
Foi nuns dias desses, no junho de 2013, que manifestantes aos milhares, avisaram que “não é só casa e comida que faz uma nação feliz”, e que estavam saturados com a mediocridade dos serviços públicos e com os escândalos de corrupção.
O adágio dos mais antigos ensina: “depois não diga que não avisei!” Pois bem. Com a corda esticada vieram as eleições presidenciais, e a campanha do primeiro turno revezou três candidatos emparedados nas primeiras colocações. Para no segundo turno dividir votos, opiniões e a vontade de mudança no rumo dos negócios públicos. A milimétrica diferença demonstrou isso.
Não obstante, a reempossada reeleita presidenta logo escancarou a real condição com que operava o Governo da República. O escalabro atende pelo trinômio: crise econômica, crise política e crise moral. O famigerado mensalão foi apenas porta de entrada do sistema de lapidação do patrimônio público nacional. Corrupção junto com inércia e misturado à má gestão ou Crime lesapátria?
É por isso o movimento “Vem pra rua”. E pra lembrar a célebre frase de Don João Batista de Albuquerque, saudoso Bispo de Vitória: “Só o povo salva o povo”.
Odmar Péricles Nascimento é sociólogo e analista político