Analisando sob o prisma da conjuntura política, o atual momento do PT reflete bem o contexto internacional, nacional e local.
O cenário político-econômico nos mostra que vários países estão passando por um período de retorno aos ideais conservadores e reacionários. Exemplos como o fenômeno Donald Trump nos EUA; as trincheiras erguidas na Hungria, lembrando a 2ª Guerra; as atuais crises políticas vividas pelos parlamentos português e espanhol; a disputa do segundo turno das eleições peruanas com Keiko Fujimori aparecendo como favorita – ela é filha do ditador Alberto Fujimori, condenado à prisão por assassinatos –, são icônicos.
Assim, casos como o de Bolsonaro no Brasil, que aparece com 6 a 8% das intenções de voto para presidente, não são isolados do resto do mundo.
Num cenário geopolítico como esse, dada as escolhas para compor sua coalização e tendo em vista o distanciamento político frente às suas bases, o PT não foi capaz de fazer uma leitura conjuntural. Até aliados históricos, com grandes afinidades ideológicas como o PSB, se mostraram contrários ao projeto político em curso – o que foi bastante simbólico.
No estado, a situação está tão nebulosa que o partido dos trabalhadores ainda está discutindo se continua ou não no atual governo – mesmo com todos os indícios apresentados de que o governador é pró-impeachment. Nitidamente os interesses individuais e locais estão em choque com os coletivos e nacionais, rachando ainda mais a sigla.
E na Serra? Se o PT local for coerente com o cenário mais geral, deverá lançar uma chapa legítima para fazer frente aos demais discursos. O problema são as opções de alianças que se reduziram bastante, já que PDT, PSB e Rede foram oficialmente a favor do processo de afastamento da presidenta. Qual o caminho a ser seguido então? O Partido dos Trabalhadores encontra-se em uma encruzilhada política e a manutenção do poder ou retorno às bases, mesmo que isso custe um mandato, são as opções mais genéricas.