No dia 31/03/22 completam 58 anos do golpe militar de 64, onde as liberdades democráticas foram caçadas e com elas, as principais entidades estudantis, como a UNE, sindicatos, partidos políticos e setores da imprensa foram para clandestinidade.
Os governos dos estados e os prefeitos das capitais eram escolhidos pelos militares(bionicamente) e não por eleições diretas. Lideranças políticas do país foram torturadas, presas e assassinadas. Outras, exiladas. Jornais fechados. Os mais velhos haverão de lembrar da campanha Brasil: ame-o, ou deixe-o. O famoso “cala a boca!” O simples fato de questionar a “ordem”, o cidadão era considerado “subversivo”, perseguido, fichado na Dops e enquadrado na lei de segurança nacional. Também, preso, torturado e desaparecido. O resultado prático deste período foi, em nome de combater a “corrupção”, o “comunismo”, derrubaram o governo legítimo de João Goulart (Jango) e o poder fora ocupado por uma junta militar. Os militares se revesaram durante 21 anos (1964 a 1985).
Seus governos foram um espanto: implantaram a ditadura e com ela o obscurantismo, a opressão… e não acabaram com a corrupção. Ao contrario: aumentou! Na economia, nos primeiros anos do regime, houve o que os economistas falam do crescimento econômico vôo de galinha: taxas de crescimento muito altas, o chamado “milagre brasileiro”, porém, por curto espaço de tempo.
Logo a seguir no final do regime, sobretudo, no governo de Figueiredo, o Brasil começou a flertar com altas taxas inflacionárias, carestia, desemprego, desabastecimento, insatisfação popular e fome. O regime ditatorial estava insuportável e a oposição exigia anistia ampla, geral e irrestrita com eleições gerais. Daí houve o início ao processo de reabertura politica lenta e gradual com anistia aos exilados e com eleições para governador (1982), para prefeitos das capitais (1985), e para presidente (1989) com a histórica disputa entre Lula x Collor.
Embora em 1984, o deputado Dante de Oliveira apresentara a emenda constitucional conhecida como das Diretas já!, que se transformara no maior movimento de mobilização política da história do Brasil, a emenda fora derrotada no Congresso Nacional. Então, em 1985, via colégio eleitoral, Tancredo Neves(oposição) e Paulo Maluf (situação), disputaram o poder com Tancredo Neves sendo eleito presidente do Brasil. Porém, antes da posse, Tancredo adoeceu e faleceu, daí assumiu o vice Jose Sarney. Assim, a primeira eleição direta, pra presidente, pós redemocratização, só aconteceu em 1989, portanto, 25 anos pós 1964.
O que quero com este texto é resgatar a história para ajudar na reflexão, de quão difícil foi a reconquista das liberdades democráticas e das eleições diretas. Alertar principalmente aqueles saudosistas, que talvez não conheçam a verdadeira história e que fazem apologia a volta da ditadura militar.
Hoje o Brasil se depara com situação semelhante ao período final da ditadura. Então, a tarefa primeira dos democratas é o restabelecimento da soberania nacional, dos valores democráticos, da diversidade cultural, da luta incessante por distribuição de renda e da consequente justiça social.
Portanto, constata-se que democracia é o melhor sistema de governança porque permite aperfeiçoamentos constantes, oportunidades e inclusão social.
Então, Democracia nunca menos! Ditadura nunca mais!
Autor: Edson Quintino
Pres. da ACESS – Comerciante – Filósofo.