A incidência de problemas respiratórios na Serra sofreu um aumento de quase 45% em janeiro deste ano, em comparação ao mesmo período de 2018. Os dados são da Secretaria Municipal de Saúde (Sesa) e mostram que só mês passado, 601 pessoas que procuraram as Unidades de Pronto Atendimento (UPA´s) da Serra apresentavam sintomas de doenças respiratórias. Em janeiro de 2018, foram 417 casos.
Além do habitual pó preto da siderurgia, poluição do trânsito e de pedreiras, os serranos tiveram que lidar com o calor, a falta de chuvas e os ventos fortes que agravaram incêndios e espalharam ainda mais fumaça. O resultado é o agravamento de crises alérgicas e maior procura por atendimento médico.
É o caso da moradora de Laranjeiras Velha, Cleiane Rocha. “Eu já sofro normalmente com as poluições comuns aqui no estado, mas as fumaças de alguns incêndios que tem ocorrido perto do meu bairro tem agravado minha situação respiratória. Já tive que ir ao médico para me consultar por conta disso. Está tenso demais”, explica.
Segundo dados do Corpo de Bombeiros do Espírito Santo, houve um aumento significativo nos números de incêndios por todo o Estado. O aumento chega a 110%. Só em janeiro deste ano já foram registrados 994 chamados, em 2018 eram somente 472. Ainda segundo os dados, também houve aumento nos incêndios ocorridos em área de vegetação. Em 2017 foram 266 e este ano já foram registrados 703. Aumento de 164,29%.
A Presidente da Sociedade de Pneumologia do Espírito Santo, Ciléia Martins, diz que tem observado um aumento em problemas respiratórios, principalmente com o calor e incêndios. “A gente tem observado que nos últimos tempos tem aumentado esses casos. Vem a questão de um incêndio de vegetações e também o da Petrobras que continha vários produtos a base de enxofre e ferro, que são estruturas que pioram qualquer respiração. Além da poluição por pó preto e outras que lidamos todos os dias. As pessoas que estão mais próximas a fontes de poluição podem piorar ainda mais”, explica.
A médica ainda disse que crianças e idosos são os mais afetados. “As crianças, por exemplo, ficam mais suscetíveis, o que gera muito mais infecções respiratórias e altos índices de internação. Também gera crises de asma, sinusite e pneumonia. Dependendo da gravidade a pessoa pode ir até parar na UTI ou ir a óbito dependendo da situação clínica”, revela médica, que também citou os gastos de pacientes na rede privada e aumento de custos no SUS para tratar quem não tem plano de saúde.
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