O dia de sol não foi só de curtição e lazer na orla de Jacaraípe. Ativistas ambientais, surfistas e moradores aproveitaram o último domingo (27) para protestar contra o projeto da Prefeitura da Serra de ‘engordar’ a faixa de areia da praia.
Para os manifestantes, a medida pode gerar danos à vida marinha e afetar as ondas, prejudicando um dos principais pontos da pratica do esporte no litoral do ES. Já a Prefeitura argumenta que a engorda – na prática a deposição de areia retirada de outros locais para deixar a praia mais larga – é para impedir o avanço do mar em alguns pontos da orla.
Sediada no Solemar, praia que é um dos principais ‘picos’ do surf em Jacaraípe, a Associação de Surf do Estado do Espírito Santo (Asees) foi uma das entidades organizadoras do ato. Diretor da Ases, o surfista e geógrafo Pablo Torres, disse que o protesto foi o primeiro passo contra o projeto de engorda da praia. Ele lembrou que também está sendo feito um abaixo assinado contra as obras.
“Ocorrerão enormes impactos ambientais com o soterramento dos corais e impactos sociais para os pescadores com a diminuição dos peixes, para os moradores com os riscos de afogamento devido o aumento da profundidade do mar e para o surf com possível fim das ondas. Vamos cobrar que esse dinheiro seja investido na despoluição dos rios da Serra e na proteção da restinga que é a melhor forma de evitar a erosão”, argumentou Pablo.
Pablo também questiona sobre a realização de estudo de impacto ambiental, de impacto socioeconômico e de licenciamento para a obra. “Nada disso foi apresentado para a gente. E a praia precisa de outras coisas mais urgentes, como chuveiros para banhistas e equipamentos para a realização de exercícios”, pontuou.
Ainda segundo o surfista, a Secretaria Municipal de Meio Ambiente da Serra (Semma) prometeu receber os manifestantes nesta terça-feira (29) às 9h na sede da Área de Proteção Ambiental (APA) do Mestre Álvaro para conversar sobre o projeto de engorda da faixa de areia, que além de dois ponto ao longo da praia de Jacaraípe, dois pontos na praia de Nova Almeida e inclui também intervenção nas praias de Capuba e Manguinhos. No início de outubro, a Secretária de Meio Ambiente da Serra, Áurea Galvão, declarou que as obras estão previstas para começarem em janeiro e devem custar R$ 1,5 milhão.
Prefeitura diz que aumentar faixa de areia é “opção mais viável”
Em nota enviada ao Tempo Novo na última quarta-feira (23), a Prefeitura da Serra disse que a engorda da faixa de areia é a “opção mais viável”. Disse, ainda, que todas as intervenções serão realizadas com base num estudo morfodinâmico feito pelo Município. “Todas as intervenções serão realizadas na faixa de praia, sem qualquer prejuízo para a zona de arrebentação das ondas. Será preservado o alinhamento inicial da praia, o que manterá o padrão de ondas da região”, disse, por meio de nota.
O Município ainda disse que a engorda da faixa de areia permite a restauração da vegetação nativa de restinga e, também, restabelece a usabilidade da praia. “A opção é mais viável, já que outras obras realizadas diretamente no mar iriam interferir na dinâmica da praia (padrão de ondas e correntes), transferindo o problema de erosão para outras áreas”, explicou.
A assessoria de imprensa da Prefeitura confirmou a agenda de representantes da Semma nesta terça-feira (29) com ativistas e surfistas de Jacaraípe.
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