Por Conceição Nascimento/Erci Scardini
A Serra é o município da Grande Vitória com a menor alternância de poder. De 1976 a 2012 foram nove eleições municipais, sendo que somente quatro nomes diferentes sagraram-se vencedores nas urnas. Foram duas vitórias de José Maria Feu Rosa; duas de João Baptista da Motta (PSDB), três de Sérgio Vidigal (PDT) e duas de Audifax Barcelos (PSB).
Ao final de 2016 serão 40 anos de administração, sendo que somente Feu Rosa não concluiu seu segundo mandato, pois foi assassinado em junho de 1990, assumindo o seu lugar o vice Adalto Martinelli.
Nos últimos quarenta anos de política, a serem completados no final do ano que vem, apenas quatro nomes sagraram-se vencedores nas nove eleições de prefeito realizadas nesse período na Serra. Nos outros municípios da Grande Vitória registrou-se uma diversificação maior de eleitos.
A constatação mostra que o município virou uma espécie de ‘reserva de mercado’, dominado nos 20 primeiros anos pela dupla José Maria Miguel Feu Rosa (PTB) e por João Baptista da Motta (PSDB) e nos 20 anos subsequentes pela dupla Sérgio Vidigal (PDT) e Audifax Barcelos (PSB).
Em Vila Velha, no mesmo período de 40 anos (a partir de 1976), dada à cassação de mandatos no meio do caminho, foram realizadas 12 eleições de prefeitos, sendo que nove nomes diferentes ocuparam a cadeira principal do palácio municipal canela-verde.
Já Vitória só voltou a ter prefeito eleito pelo voto popular em 1988; antes os chefes de Executivo das capitais dos estados eram indicados pelos respectivos governadores e chamados de ‘prefeitos biônicos’. O último prefeito indicado foi Hermes Laranja.
Sob o estado democrático a Capital viveu sete eleições municipais, que totalizam 24 anos de mandato até o final de 2016; nas quais cinco nomes diferentes saíram vitoriosos nas urnas.
Interinos quebram regra, mas por poucos dias
Para não dizer que somente quatro pessoas sentaram na cadeira de prefeito; em abril de 1982, Feu Rosa renunciou ao cargo para ser candidato a vice-governador. O vice-prefeito, Assis Miranda, assumiu o cargo e renunciou dois meses depois por discordar de imposições que lhe eram colocadas. Em seu lugar assumiu o então presidente da Câmara, Arino Gonçalves, que encerrou o mandato.
Com a morte de José Maria, em junho de 1989, assumiu o vice, Adalto Martineli. Sargento Valter, Márcia Lamas e Madalena Santana, que foram vices de Vidigal em seus três mandatos, assumiram o cargo, por poucos dias cada um, em função de férias do titular. Aloísio Santana e Lourencia Riani assumiram a prefeitura em férias de Audifax Barcelos.
Ao que tudo indica, a eleição municipal do ano que vem não deverá ter surpresa: é Audifax ou Vidigal, pois não há ainda uma terceira via no mercado político da Serra em condições de vencer um desses dois.
Se isso acontecer, serão 24 anos de mandatos ininterruptos da dupla, ou seja: praticamente um quarto de século, que somados aos 20 anos de Feu Rosa e Motta, serão quase meio século que a cidade não elege uma liderança nova para ocupar o principal cargo público cidade.