Ando meio confuso. O partido da estrela vermelha que era fonte de toda a corrupção no Brasil, agora, de uma semana para cá, tem a companhia de seu principal adversário nas manchetes. Isso porque Aécio Neves pediu um empréstimo pessoal simbólico de R$ 2 milhões. Até o Bolsonaro (quem diria?), fonte ética para alguns brasileiros, admitiu publicamente que seu partido recebeu propina da JBS. Nas palavras do próprio deputado afinal: “qual partido não recebe?”.
E por falar na JBS, porque só agora a nova sensação de Goiás – Joesley e Wesley (parece nome de dupla sertaneja, não é?) – resolveu fazer suas gravações e lançar no mercado? Certo é que foi sucesso imediato em todas as rádios, TV’s e jornais. Resta saber quanto tempo ficará no trending topics do país.
O caso da JBS chama a atenção. Ao contrário de Marcelo Odebrecht, que estava preso há mais de um ano quando acertou as bases de sua delação premiada, os irmãos goianos estão nos EUA – enquanto estamos aqui no Brasil no caos causado por eles. Segundo os próprios, foram cerca de 2.000 políticos e algo em torno de meio bilhão de reais em subornos e propinas, inclusive beneficiando o atual presidente.
E por falar em Temer, quanto tempo ainda fica como presidente? Ele vai renunciar? O Congresso vai abrir e julgar procedente o seu impeachment? O Poder Judiciário vai intervir? Os militares vão tomar o poder? Muitas são as hipóteses… Se Temer cair, garantidas as premissas democráticas, como iremos substituí-lo: eleições indiretas – como prevê a atual regra constitucional – ou diretas?
É plausível supor que a forma de escolha vai interferir diretamente no perfil do presidenciável. Eleições indiretas tendem a coroar um perfil mais centrista, agregador de maiorias. A questão decisiva do modelo indireto no contexto atual é a falta de legitimidade do Parlamento brasileiro, que seria o responsável pela escolha. Caso a opção seja pela eleição direta, há a possibilidade de uma maior radicalização por parte de candidatos, bem como a emergência de novos nomes como já andam sendo discutidos nas redes sociais.
Tenho mais dúvidas que respostas, mas como diria Tom Jobim: “O Brasil não é para principiantes”. Definitivamente não.