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É hora de temer a febre maculosa? Veja quando se preocupar com a doença

Em São Paulo, quatro pessoas morreram por suspeita de febre maculosa. Crédito: Divulgação
DANIELLE CASTRO

Após o surto de coronavírus, qualquer notícia sobre avanço de doenças pode causar preocupação. Nos últimos dias, ao menos quatro pessoas no estado de São Paulo morreram em decorrência da febre maculosa, enfermidade causada pela bactéria Rickettsia rickettsii, transmitida por alguns tipos de carrapatos. Especialistas apontam, porém, que embora o medo seja válido, a transmissão não é generalizada e basta estar atento ao passar por áreas de risco.

Segundo médicos, a doença é comum na região Sudeste do país e no norte do Paraná. No momento, os pontos mais afetados pelo carrapato-estrela contaminado são a macrorregião de Campinas e Piracicaba, incluindo locais como Jundiaí e Mogi Mirim. O tratamento deve ser imediato, mas apenas quem tem sintomas e visitou locais de infecção deve procurar atendimento médico.

Quando se preocupar com a febre maculosa?

Segundo o médico epidemiologista André Ribas Freitas, professor da faculdade São Leopoldo Mandic de Campinas, o monitoramento deve ser feito caso a pessoa tenha visitado ou planeje ir até áreas conhecidas por abrigarem carrapatos do tipo.

“Se houver febre, tem que informar o médico de que esteve nesses locais para que o especialista possa introduzir o antibiótico adequado”, pontua.

Freitas diz que essas informações são essenciais para o diagnóstico correto e, consequentemente, para o cuidado que a doença exige.

“O quadro inicial pode ser confundido com o de qualquer outra doença, não é muito característico. Pode-se confundir com dengue, com uma gripe um pouco mais forte, com qualquer outro quadro viral que dê febre”, diz o epidemiologista.

Como prevenir?

Quem visitar locais de mata, como casas de campo ou ranchos, é importante estar atento. O médico do Hospital Emílio Ribas indica usar roupas claras para visualizar melhor a presença de carrapatos, por exemplo. Quem estiver em zonas verdes (urbanas ou rurais) que contenham animais silvestres, como capivaras, ou domésticos, como cavalo e cachorro, deve usar repelente de insetos. O produto ajuda a repelir o carrapato.

Outra dica é manter o corpo bem coberto, com meias por cima da calça, por exemplo, e aplicar repelente na pele e na roupa. Silva afirma que os tutores de animais domésticos devem prestar atenção aos bichos de estimação, pois cães podem transportar o carrapato em viagens de família.

Já Freitas pontua que, apesar do carrapato que transmite a febre maculosa atacar principalmente capivaras, cavalos e mamíferos, ele também pode estar em aves.

“Quando nessas áreas, é muito importante fazer uma inspeção quando sair do local para ver se encontra carrapato e retirar. Outra opção é usar sabonete acaricida, que é um sabonete que pode matar o carrapato. São esses que usam para piolho, para sarna”, diz o epidemiologista.

Quais os sintomas e tratamento?

O tratamento é feito com antibióticos como tetraciclina e cloranfenicol e deve ser procurado assim que ocorrerem manifestação dos sintomas, normalmente entre o 7º e o 14º dia após a picada.

O quadro inclui febre alta, dor no corpo, forte dor de cabeça, mal-estar, manchas avermelhadas pelo corpo e manchas roxas. O agravamento ocorre em torno do quarto ou quinto dia.

“É quando surgem os primeiros fenômenos hemorrágicos, as manchas na pele, icterícia. Mas quando está nessa fase, o tratamento tem uma eficácia bem menor, então é importante que seja feito ainda no quadro inicial, quando os sintomas são inespecíficos”, reforça Freitas.

Os especialistas apontam ainda que todas as idades estão sujeitas a desenvolver a versão mais letal.

“A febre maculosa é uma doença grave em todas as faixas etárias, tanto que as pessoas que estão morrendo são jovens e previamente saudáveis. Não é uma doença que se caracteriza por um grupo específico que seja mais vulnerável”, afirma.

Como é transmitido?

Os principais carrapatos que transmitem a febre maculosa no Brasil são Amblyomma cajennense (carrapato-estrela), Amblyomma cooperi (dubitatum) e Amblyomma aureolatum (carrapato amarelo do cão). A fase de transmissão mais acentuada ocorre em sua fase larval, que acontece entre o outono e a primavera.

No interior de São Paulo, a doença está mais associada ao carrapato-estrela que, vive em áreas de mata e beira de rios. Apenas os carrapatos infectados pela bactéria tem capacidade de transmissão. Como o carrapato é parasita de animais silvestres e domésticos, o problema pode ocorrer tanto em zona rural como urbana, além de se espalhar à medida que a espécie sem a bactéria picam animais infectados.

Redação Jornal Tempo Novo

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