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“É inaceitável fechar pronto-socorro e hospitais”

Polariza na Serra: ninguém pode apagar a história de Vidigal e nem desconhecer o trabalho de Audifax. Foto: Divulgação

Por Conceição Nascimento 

Na vida pública desde 1982, quando foi eleita deputada estadual, Rose de Freitas (PMDB) cumpriu seis mandatos de deputada federal e, em 2014, foi escolhida como primeira senadora do Espírito Santo. Nesta entrevista, fala sobre investimentos da União no Estado, papel do PMDB no Governo federal e avalia conjuntura política da Serra.


Com a mudança do Fundap, o ES perdeu competitividade. Como reverter esse cenário?

O Fundap foi criado como incentivo financeiro para atrair empresas para o Estado na época da derrocada do café e tinha prazo para acabar.  Durante o tempo que lutamos contra o fim do incentivo, tínhamos de criar outros mecanismos de desenvolvimento. Mas isso não pode sentenciar o Espírito Santo. O Estado tem mil caminhos para não perder o ritmo de desenvolvimento, como a agricultura.

Quando o Governo federal deve liberar recurso para o Contorno do Mestre Álvaro?

Está no Plano de Aceleração do Crescimento (PAC) e eu cuidei disso pessoalmente. Precisamos esperar para ver o que será decidido, para que o Governo não corte essa obra como um todo.
E as obras do aeroporto de Vitória? Vale a pena continuar investindo num aeroporto naquele lugar?

A expectativa é que agora saia, depois de tanta luta. Estávamos numa situação horrível, não tinha cadeira para as pessoas sentarem nem estacionamento. Tive que ir à Justiça para que as pessoas estacionassem lá. Depois de todo esse esforço, toda essa luta, é péssimo ouvir alguém falar que o aeroporto deve ir pra outro lugar.

O porto de águas profundas sai?

Não. Não vai sair por conta da atual crise no Brasil. No que depender do Governo federal hoje, não vejo nenhuma possibilidade.

A Grande Vitória está enfrentando crise hídrica. O que fazer?

A água tem de ser preservada, economizada. Isso é a consequência da destruição das nascentes e o desmatamento. Não temos a barragem funcionando. A falta d´água é consequência da má administração pública. O prefeito desmata, não olha isso. O setor privado tira as reservas naturais, desmata as nascentes.

Qual a sua avaliação sobre o impacto da poluição do ar, em especial do complexo de Tubarão, na saúde do capixaba?

Quando eu era deputada estadual em 1982, trouxe aqui um representante de cada Estado para um encontro de meio ambiente, para que conhecessem o que era a poluição aqui em Vitória. Aí começou a chover vedação, a cobrir o minério, colocaram filtros. É preciso mudar de forma radical, mas para exigir as mudanças das empresas é necessário ter a independência, a coragem para cobrar delas e multá-las.

Anúncio de alguma novidade para o ES?

Os empreendimentos que eu espero são o aeroporto e a duplicação da BR 262, a ser iniciada em junho. A obra da 262 até Vitor Hugo e, em seguida, até a fronteira com Minas Gerais.

O congresso discute o pacto federativo. Qual a agenda desses debates?

 

O pacto federativo é uma velha bandeira que levantamos. A União concentra de 66 a 69% do que se arrecada no Brasil. Os municípios sofrem para receber da União.  Não se pode deixar com eles só obrigações. Está na Constituição que é o dever do Estado cuidar da saúde, prover a educação. O Governo federal precisa redistribuir melhor a receita. Só o Espírito Santo contribui com cerca de R$ 10 bilhões por ano, mas recebe pouco de volta.
Como a senhora vê a crise no Governo Dilma?

Até 2009 éramos a maior atração mundial para investimento e isso mudou. O que gerou essa desconfiança foi a volta da inflação, uma economia interna ruim, um PIB lá embaixo e maquiagens nos números da economia. Para voltar a se equilibrar e seguir novamente o caminho do crescimento, o Governo anunciou medidas de aperto na economia. O brasileiro hoje tem dúvida se isso vai funcionar.
O PMDB está no governo. Qual é o papel do partido neste cenário?

Não é momento para brigar, para colocar ministro aqui e ali. É hora de sentar à mesa e tentar ajustar a economia, melhorar o país. Em 2018, espero que o PMDB ajude a construir uma saída com o Governo que aí está, que deve permanecer por falta de provas que liguem Dilma Rousseff ao escândalo. Não tenho esperança de que o PMDB construa uma candidatura própria, o que já deveria ter feito.
Quais os planos do PMDB na Serra para 2016?

Não posso responder por Lelo Coimbra, Paulo Hartung e outros, mas por mim. Estive hoje (terça, 28) com Audifax. Na Serra tenho contribuições, como creches que eu aprovei junto ao Governo federal. Me prontifico para que recursos venham para a Serra.


Qual a avaliação do senhora da gestão Audifax?

O governo é bom e ajustado à realidade da população. Ele não faz nenhuma estripulia econômica ou obra desnecessária. É um governo de seriedade. Vejo que tem muita determinação e afinco.

Como a senhora vê a polarização Audifax x Vidigal?

Essa disputa política é saudável para a democracia e outros candidatos surgirão, pelo que estou sabendo, sendo dois que foram eleitos deputados, um federal e outro estadual. Mas é natural que seus maiores líderes se enfrentem novamente. Ninguém pode apagar a história de Vidigal e nem desconhecer o trabalho de Audifax.

Quais são os maiores avanços desta gestão Hartung e as maiores dificuldades?

A dificuldade é o atual momento do país, tem de dar tempo a Hartung para que mostre trabalho. Está correta a adequação financeira.  Na segurança os municípios têm de participar junto ao governo, fazendo uma integração com os governos municipais. A saúde precisa de uma inserção muito direta. É inaceitável fechar pronto-socorro e hospitais.

 

 

Mari Nascimento

Mari Nascimento é repórter do Tempo Novo há 18 anos. Atualmente, a jornalista escreve para diversas editorias do portal, principalmente para a de Política.

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