Por Yuri Scardini
Iniciando neste mês de março, a janela de transferências partidárias – ou janela da infidelidade – vai ser um bom indicador para analisar as alianças na Serra que darão o tom do processo eleitoral que virá em seguida.
Porém, uma coisa o mercado político internaliza como certo: um titânico e bárbaro embate eleitoral entre Audifax e Vidigal. Ao que parece, até então nada pôde construir um discurso reconciliatório entre os dois. Pelo jeito, o que aconteceu no passado não tem volta. Cada vez mais a agressividade do discurso vai se intensificar, o que pode provocar um verdadeiro linchamento moral mútuo.
Muitas questões guardadas na caixa de pandora tanto vidigalista quanto audifixta serão ressuscitadas nos 45 dias de purgatório eleitoral, digo… nos 45 dias de campanha eleitoral. Até porque elementos não faltam para um desidratar o outro. Além de ambos se conhecerem muito bem, há também o fato de haver uma inversão de lados dos marqueteiros: as conhecidas jornalistas Bete Rodrigues e Jane Mary mudaram de lugar. Desta vez, Bete fica com Vidigal e Jane Mary com Audifax, exatamente o contrário da eleição de 2012.
Neste cenário, o que se percebe é que quem perder a disputa irá perder muito, e quem ganhar irá ganhar pouco, pois pegará um município com dificuldades financeiras num cenário de crise nacional com graves rebatimentos locais.
Isso se os dois não terminarem o pleito chupando dedo, pois com este homérico “banho de sangue” aliado à grande rejeição que tanto Audifax e Vidigal têm junto a boa parte do eleitorado, não é impossível pensar na emersão de uma terceira via que seja independente e que discuta a cidade de forma estruturante e vanguardista.
É uma pena, pois já dizia a máxima de Maquiavel, é necessário dividir para reinar. E quem reina nesta cidade dividida? Talvez as oligarquias enriquecidas de Vitória e seus respectivos políticos.