BRUNO LYRA
O desemprego é um problema grave no país. Mas ganha contornos especialmente dramáticos numa cidade como a Serra, que mesmo nos tempos de bonança econômica, não conseguiu se livrar das mazelas típicas de um lugar cheio de abismos sociais. A violência é a mais gritante dessas mazelas.
Se a taxa de desemprego local seguir a tendência nacional de 13% da população economicamente ativa, significa que mais de 30 mil moradores da cidade estão sem trabalho formal.
Em 2016 mais pessoas foram demitidas que contratadas na Serra. Em 2017, pelo menos até o final de agosto, também. A cidade é uma das principais vítimas da lama da Samarco (Vale + BHP Billiton), já que mantinha rede de fornecedores e prestadores de serviços à planta da mineradora em Anchieta.
Ato contínuo, sofreu com o desmonte do centro de distribuição para extração de petróleo da Petrobrás, transferido do TIMS para Macaé no norte fluminense. Isso num contexto de fim de Fundap. Soma-se ainda a paralisia da construção civil.
Todos esses fatos são conjunturais. Porém há fatores estruturais que extinguem empregos. Mais do que isto, extinguem funções.Indústrias, por exemplo, já não geram tantos empregos. A anunciada planta química da italiana Geofin tem previsão de investir R$ 50 milhões e gerar 60 postos de trabalho. Já o atacarejo ‘Oba’ deve empregar 200 pessoas, mas com investimento bem menor, R$ 10 milhões. Os dois exemplos podem servir de pista para os rumos que a cidade deve adotar se quiser empregar tanta mão de obra ociosa.
E justamente no momento em que a massa de desempregados e suas famílias mais precisam da rede de proteção social operada pelo município, os recursos para essa área estão sofrendo cortes radicais pelo Governo Federal. É cruel. Pode restar para a Serra parar todas as obras e investimentos para manter a enorme rede de proteção social cuja demanda só faz crescer.